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Sem capital, Marambaia desiste de comprar grupo J. Pessoa

Anunciado em fevereiro deste ano, o processo de aquisição das cinco usinas do grupo J. Pessoa pela Marambaia Energia Renovável foi por água abaixo. O acordo inicial previa um aporte de R$ 200 milhões pela Marambaia em troca de uma participação acionária no J. Pessoa, a ser definida após a due diligence. Mas a avaliação detalhada do grupo sequer foi feita e a associação foi suspensa por falta de recursos. Controlada pelo banqueiro Luiz Cézar Fernandes (ex-Pactual e Garantia), que detém 51% do negócio, a Marambaia foi constituída para investir em projetos sucroalcooleiros dentro e fora do Brasil.

O memorando de entendimentos entre as duas empresas foi firmado em 25 de fevereiro deste ano com cláusula de exclusividade por 120 dias. O plano era, a partir do aporte de R$ 200 milhões, transferir os ativos do grupo J. Pessoa para a Marambaia, que passaria então a ter o J. Pessoa como sócio.

Em seguida, seria feita uma captação de recursos no mercado para bancar a expansão e a modernização dos ativos do grupo sucroalcooleiro, que já chegou a estar entre os dez maiores do país.

Mas José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do grupo que leva seu sobrenome, explica que nos meses seguintes à assinatura do memorando, algumas notícias sobre o futuro sócio começaram a circular no mercado, de forma que iniciou-se a desconfiança de que o acordo não seguiria adiante, o que se confirmou há cerca de um mês.

Em abril deste ano, a Fazenda Marambaia, de propriedade de Luiz Cezar Fernandes, e onde o mesmo reside, quase foi à leilão para pagamento de dívida de R$ 6 milhões com o banco BBM, débito relacionado ao negócio frustrado de compra do alemão Dresdner Bank do Brasil. O leilão não aconteceu, pois o débito foi sanado por ex-sócios de Luiz Cesar Fernandes.

Também no mês de abril, a Marambaia chegou a divulgar um comunicado no qual reafirmava que prosseguiam as negociações com o grupo J. Pessoa. Desde então, entretanto, nenhum aviso oficial foi feito informando que as negociações chegaram ao fim.

Segundo fontes, a compra do banco Dresdner seria a ferramenta para buscar os recursos que financiariam a aquisição do J. Pessoa. Por isso, em se frustrando essa operação, também se frustrou o negócio como grupo sucroalcooleiro.

Marcelo Bastos, um dos sócios de Luiz Cezar na Marambaia, afirmou que não poderia comentar o assunto, justamente porque ainda não houve comunicado oficial ao mercado. “Mas estamos olhando outras oportunidades na área de energia de fontes renováveis”, disse. Os planos da Marambaia também passavam por exportação de açúcar do Brasil para a refinaria que deveria ser instalada até 2012 na Argélia.

Com cinco usinas com capacidade de processamento de 6 milhões de toneladas, o grupo J. Pessoa toca agora o seu plano de recuperação judicial, homologado em junho pela Justiça. A empresa tem dívidas de R$ 270 milhões, sendo R$ 130 milhões com instituições financeiras. “Queremos agora recuperar o grupo. Não estamos procurando sócios. Essa história com o Marambaia foi muito desgastante”, desabafa José Pessoa.

Valor Econômico

Autor: Fabiana Batista, de São Paulo

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