JornalCana

Seguro para o agronegócio

De acordo com a ONU, o Brasil pode se transformar no maior produtor de alimentos do mundo até 2012. Pelo que vem acontecendo ao longo dos últimos anos, a previsão é lógica e tem tudo para se realizar. Em verdade, de dez anos para cá, sem qualquer apoio mais sólido do governo, os empresários do agronegócio nacional vão dando um show, fazendo uma revolução no campo e aumentando significativamente a produção em todos os setores, desde o desenvolvimento das sementes, passando pelo plantio e a colheita, até a industrialização dos mais diversos produtos agrícolas, o que vem colocando o País em evidência nos mais diferentes fóruns internacionais, como os mercados futuros e a OMC.

A crítica não é para este governo, mas para todos os governos que desde o fim dos anos 50 raramente dão ou deram a importância que o setor merece, por tudo que representa como gerador de divisas fortes e, principalmente, gerador de empregos.

Agora, mais uma vez, se fala numa política de longo prazo para alavancar a atividade, inclusive com a eventual criação de uma seguradora específica para assumir os riscos da agricultura e de sua cadeia produtiva. A idéia é boa, mas o que se coloca é se uma seguradora estatal seria a melhor solução para o problema, já que a bem-sucedida operação da Cosesp – Companhia de Seguros do Estado de São Paulo, nos moldes de uma seguradora privada, mostra que o controle de uma companhia com este perfil não necessita, obrigatoriamente, ser do governo, nem que a colocação dos riscos deva se restringir a uma única empresa.

Atualmente, a Cosesp é a seguradora mais engajada com os riscos agrícolas brasileiros, atuando em todo o Estado de São Paulo e em algumas regiões mais ou menos limítrofes. Além dela, só umas poucas companhias se aventuram no ramo, assumindo riscos específicos em regiões específicas, tateando o terreno, diante da nenhuma experiência na área e da inexistência de resseguros modernos capazes de garantir o negócio.

Enquanto o seguro para o agronegócio é uma das principais ferramentas de subsídios agrícolas dos Estados Unidos, no Brasil, o produtor rural e o empresário do agronegócio não têm qualquer forma de proteção mais eficaz para garantir seus investimentos, na produção, industrialização e comercialização dos produtos.

Inclusive, o programa Proagro, que pensam em reativar, não garante o produtor rural, mas o agente financeiro, o que é completamente diferente e deixa quem corre o risco de produzir com o prejuízo, se as coisas derem errado.

O problema a ser contornado para rapidamente mudar esta situação é a existência do monopólio do resseguro, que, além da agricultura, é um entrave para outras áreas, como os planos de saúde privados, que têm dificuldades para criar uma política de proteção baseada em planos modernos de transferência de riscos.

Várias grandes empresas seguradoras e resseguradoras internacionais teriam interesse em entrar no agronegócio brasileiro, garantindo a capacidade financeira e a tecnologia para as companhias de seguros nacionais expandirem sua atuação no setor, dando ao produtor rural e ao empresário do agronegócio as ferramentas de proteção capazes de colocá-los em igualdade de condições com os produtores europeus e norte-americanos.

Se houvesse a flexibilização do monopólio do resseguro, o que é diferente da abertura ampla do setor, ou da privatização do IRB Brasil Resseguros, as seguradoras brasileiras teriam condições de expandir em muito a proteção que hoje é dada pela Cosesp, ainda baseada em conceitos de cobertura dos anos 60, quando ela foi criada.

O espaço sem proteção de qualquer espécie existente entre as coberturas das apólices atuais e os riscos em toda a cadeia do agronegócio é gigantesco e, sem que haja a modernização do seguro, conseguida principalmente pela concorrência, o empresário brasileiro ficará sempre em desvantagem no mercado internacional. É aí que o governo deve agir.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram