O cenário de pandemia trouxe um novo olhar sobre a área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) das usinas. Isso ressaltou o papel estratégico dessa área nas operações, garantindo a sustentabilidade do negócio.
A Covid-19 adequou as usinas de cana aos padrões exigidos por lei para saúde e segurança do trabalho. Além disso, a ação estratégica de SSMA garantiu o planejamento inicial de safra e ainda permitiu que as operações se tornassem mais eficientes.
Agora, com a segunda onda, os desafios continuam, porém, mais uma vez, o setor mostra ser um exemplo competente contra o coronavírus, por meio de ações de prevenção e segurança nas operações. Essas ações foram destacadas no webinar “A Covid-19 e a nova safra nas usinas”, promovido pelo JornalCana, no dia 24 de março.
Dinael Veiga, supervisor de RH da Vale do Paraná, afirmou que a usina, localizada em Suzanópolis-SP, vem criando rotinas diferentes e se ajustando com o intuito de proteger os funcionários e terceiros, além de levar informações para a comunidade. Um Comitê de Crise gerencia as estratégias a serem usadas a partir de um monitoramento da pandemia na região de atuação da companhia, que engloba 17 municípios onde funcionários residem.
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“Através desse boletim temos condições de saber em qual região a pandemia está mais crítica e qual irá ficar mais crítica. Com o monitoramento, criou-se um banco de dados, que passou a ser um norte para as ações de prevenção”, contou. Veiga informou, ainda, que, além de manter as medidas de prevenção, a usina também continua com as doações de álcool 70%, sendo que, até o momento, 30 mil litros de álcool foram fornecidos à área de saúde.
Karen Volpato, gerente executiva de Saúde e Segurança da Tereos, afirmou que a empresa soube se adaptar e até mesmo quebrar alguns tabus, como o do trabalho remoto, sistema facilitado pelo fato de já estar atuando na indústria 4.0.
“O compromisso da Tereos é preservar a saúde e segurança de todos. Isso é possível através das regras de ouro que foram adotadas nesse período, chamado de novo normal”, disse.
Segundo ela, a companhia entrou com recursos, disponibilizou condições de trabalho e infraestrutura de apoio para o colaborador desempenhar o trabalho na própria residência, inclusive com ajuda de custo e subsídios para internet e energia, por exemplo. Além disso, oferece suporte psicológico e médico de avalição, que faz diretamente a conexão com o médico responsável e consultor do comitê de crises.
“Não recebemos ainda os reflexos de todos os problemas psicológicos que a pandemia vai trazer. Eles vão começar a vir de forma mais intensa com a continuidade do que estamos vivendo”, ressaltou.
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Sérgio Machado, coordenador de RH da Usina São Domingos, comentou que as medidas implementadas pela usina desde o início da pandemia passaram por revisões conforme a pandemia progredia.
“Uma grande questão positiva é a aceitação dos nossos funcionários para essas medidas, que também tiveram resultados externos”, disse.
O coordenador ressaltou que a empresa monitorou os colaboradores que apresentaram algum tipo de sintoma ou tiveram contato com uma pessoa com Covid-19, sendo que aconteceram, desde março de 2020, poucos casos de afastamento pela doença.
A comunicação foi intensificada, com distribuição de folders aos colaboradores, disseminando informações úteis a respeito do vírus, da importância de higienização e do uso adequado da máscara e álcool, entre outras ações, que visavam também a orientar familiares e a comunidade.
“A usina teve que mexer na sua estrutura, melhorar as questões de cuidado, tomar várias ações e isso envolve investimento, envolve mudança de comportamento, mudança de hábito e uma série de ações. Pelo menos na nossa realidade, conseguimos alcançar e continuamos alcançando o nosso objetivo, que é ter o mínimo de pessoas contaminadas porque as ações estão surtindo efeito”, alegou Machado.
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José Darciso Rui, diretor executivo e fundador do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria Canavieira (Gerhai), abordou algumas medidas tomadas para conseguir amenizar os impactos do cenário de crise imposto pela pandemia para as empresas, como a Medida Provisória 936. A MP, assinada em abril de 2020, permitiu reduções de jornada e de salário, além de suspensão de contratos durante a pandemia.
“Muitas usinas utilizaram essa metodologia, principalmente aquelas empresas que tinham casos de colaboradores de risco”, lembrou.
Rui afirmou que a medida ajudou também a prorrogação dos acordos coletivos e a maioria das empresas fez a prorrogação ou um novo acordo coletivo, sendo que 99% delas não deram aumento de salários. Outras ofereceram benefícios e isso ajudou o setor a manter empregos e a estabilidade da empresa.
Agora, de acordo com o diretor, com a nova safra em andamento, é preciso ter uma legislação para ajudar na questão trabalhista.
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“Temos que imaginar que teremos alguns pontos de conflito neste início de safra e de negociação coletiva, porque passar um ano dando zero de aumento é uma coisa, dois anos é completamente diferente. Acredito que as empresas vão ter que negociar alguma coisa com trabalhadores e acredito que alguma coisa será atribuída por legislação até porque, com o Comitê da Covid-19 montado pelos governadores e ministério, eu creio que todos irão procurar algo que seja salutar para as empresas e para os trabalhadores”, ponderou.
Ruy lembrou, ainda, que todas as ações implementadas durante a pandemia não vieram de graça. “Levantamento feito mostra que a grande maioria das empresas elevou seu custo de transporte em 35%, com a inclusão de mais ônibus para o transporte dos funcionários. Tem a questão das máscaras também, que representam um custo de R$ 45 mil por mês. Tomamos providências necessárias que precisarão ser usadas ainda por muito tempo”, disse, ressaltando, ainda, que as empresas continuam com as doações de álcool, cilindros de oxigênio e cestas básicas ao longo da pandemia.