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Secretaria afirma que usina de álcool polui bacia do Alto Paraguai

Um estudo da Sema (Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) aponta que uma usina de álcool, no município de Sidrolândia, já polui a bacia do Alto Paraguai onde fica o Pantanal.

O documento foi apresentado na quinta-feira (24) pelo ambientalista Alcides Faria durante audiência pública, na Câmara dos Deputados, sobre o projeto que visa instalar usinas de álcool no entorno da planície pantaneira.

Essa proposta é do governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. Ele defende os empreendimentos dizendo que não haverá poluição, pois as usinas ficarão na área de planalto, longe dos rios. O estudo da Sema, porém, mostra o contrário.

Iracema Sampaio, 67, viúva do ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, 65, o Franselmo, assistiu à audiência em uma cadeira de rodas e chorando. No dia 13, Franselmo morreu 22 horas após ter ateado fogo ao corpo durante protesto contra o projeto de Zeca do PT.

Na próxima quarta-feira, a proposta do governador deve ser votada na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Relatórios

Faria apresentou dois relatórios da Sema. Durante 2004, os técnicos coletaram amostras de água para análise nos rios da bacia do Alto Paraguai.

O relatório concluído neste ano mostra que resíduos de “uma grande usina de álcool e açúcar” são lançados no córrego Canastrão que deságua no rio Cachoeirão. “Uns 30 km do rio estão poluídos”, afirmou Faria. Ele exibiu fotos de peixes mortos na região. O Cachoeirão deságua no rio Aquidauana, um dos mais importantes do Pantanal.

Segundo o ambientalista, a poluição foi causada pela usina Santa Olinda, em Sidrolândia, no distrito de Quebra Coco. Desde 1982, uma lei estadual proíbe destilarias de álcool na bacia do Alto Paraguai.

“A [usina] de Quebra Coco foi instalada antes da lei [em 1977], por isso funciona lá”, afirmou o deputado estadual Ari Rigo (PDT), que propôs a legislação em 1982. O projeto de Zeca do PT visa derrubar essa proibição.

Outro lado

A direção da usina Santa Olinda afirmou que não há contaminação dos rios porque todos os resíduos da produção de álcool são usados para irrigar e fertilizar a lavoura de cana-de-açúcar.

Ainda conforme a empresa, existem postos de monitoramento da qualidade da água, incluindo a do subsolo. A usina informou estranhar não ter sido procurada por Faria para tratar da suposta poluição.

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