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São Paulo puxa crescimento da indústria

Com uma elevação de 6,8% no nível de atividade, o Estado de São Paulo foi responsável por mais da metade do crescimento de 5,2% da produção industrial brasileira no mês de março. É a maior contribuição desde outubro do ano passado. Esse foi o sexto resultado positivo do Estado, sempre na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

A produção de veículos automotores subiu 13,1% e foi a atividade que mais influenciou no resultado paulista. Só esse setor teve impacto positivo de 1,22 ponto percentual na alta de 6,8%, o que representou 26% do crescimento paulista, segundo cálculos do economista Edgard Antonio Pereira, diretor-presidente da Edgard Pereira Associados. “Foi um crescimento pouco homogêneo e muito concentrado”, diz. Por isso, ele acredita que o resultado de março não pode ser projetado para os próximos meses como um indicador para todo o país.

No entanto, o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sergio Gomes de Almeida, acredita que em breve esse desempenho pode se disseminar pelos outros Estados do país. Segundo ele, a arrancada de São Paulo reflete o movimento de queda de juros iniciada em setembro do ano passado. “O Estado tem entre suas indústrias fortes a de bens de capital e de bens de consumo duráveis, que são bastante coladas ao nível de juros”, comenta Gomes de Almeida. Com juros menores, a tendência é que as vendas de máquinas, equipamentos e produtos eletroeletrônicos aumentem.

Mesmo com um câmbio desfavorável, as exportações de manufaturados das indústrias paulistas crescem em um ritmo superior ao do Brasil. O Estado de São Paulo exportou 19,4% a mais no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2005. No Brasil, o crescimento foi de 15% na mesma comparação.

O avanço de 6,8% da produção paulista em março fez com que a taxa acumulada em 12 meses saísse dos 3,2% vistos em janeiro e fevereiro para uma alta de 3,6% até março, além de ter superado a média nacional, que foi de 4,6% no mês. No primeiro trimestre, a taxa do Estado – 4,7% em relação aos mesmos três meses de 2005 – foi levemente maior do que a do Brasil (4,6%).

O desempenho de alguns ramos industriais também ajudou a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) paulista a subir 6,6% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2005, considerando valores deflacionados pelo IGP-DI.

O setor que puxou o crescimento foi o de material elétrico e de comunicações, com aumento de arrecadação de 4,5%. Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março a produção desse ramo cresceu 27,3% e, junto com veículos e refino de petróleo e produção de álcool, foi um dos que mais influenciaram o resultado global do Estado.

Com o crescimento de 19,8% na arrecadação de ICMS da indústria paulista em março, a queda acumulada em 12 meses na arrecadação do setor ficou em 1,9%. É um número menor do que o visto no fechamento de 2005 (queda de 2,4%), uma vez que desde janeiro a arrecadação deste segmento só tem aumentado.

Os melhores desempenhos dentro da indústria de material elétrico e de comunicações ficaram por conta da indústria de máquinas para escritório e equipamentos de informática, que apresenta recuperação desde dezembro, sob influência do melhor acesso ao crédito consignado, da redução tributária e do aumento da disponibilidade de renda. Outros setores que reverteram tendências negativas dos últimos 12 meses foram os de material de transporte e outros equipamentos de transporte, de celulose, papel e produtos de papel e a indústria alimentícia.

A indústria de transportes, por exemplo, mostra queda de 4,8% nos últimos 12 meses. No trimestre, porém, registra aumento de 2,5%. Em março, a elevação foi de 38,6%. O diretor do Iedi lembra que entre julho e outubro do ano passado o Estado de São Paulo contribuiu negativamente para o crescimento da indústria brasileira. Quem ajudou a segurar o desempenho desse ramo de atividade foram os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Se São Paulo continuar a se recuperar e esses dois Estados continuarem a avançar, vamos ter crescimento garantido até o meio do ano, mesmo que os juros não caiam mais”, estima.

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