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Santos: Demanda exige mais investimentos

A capacidade do porto de Santos responder às demandas do crescimento econômico do país foi posta em dúvida por especialistas na logística portuária, mesmo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) indicando que triplicará a capacidade do porto nos próximos três anos. O presidente do porto de Suape (PE), Fernando Bezerra, ao fazer um retrospecto do aumento do comércio internacional do país nos últimos dez anos, na base de quase 20% ao ano, disse que “Santos não vai responder a esse desafio”. Segundo ele, Suape, que movimentou 7 milhões de toneladas em 2007, projeta chegar a 35 milhões de toneladas em 2011, sendo 20 milhões de toneladas de produtos químicos.

Para Julian Thomas, presidente da Hamburg Süd América do Sul, haverá um déficit de espaços de cerca de 1 milhão de TEU (unidade de contêiner de 20 pés) até 2010, somados três portos brasileiros, pela ordem, em TEUs, Santos, com 709 mil, Rio Grande (RS), 183 mil e Paranaguá, 84 mil. A capacidade desses portos, mais os de Santa Catarina, é de 3,3 milhões de TEUs. Segundo de Thomas, participante de debates paralelos à Intermodal, no Transamérica Expo Center, o setor portuário precisa investir mais US$ 2,5 bilhões até 2010, além de US$ 1 bilhão investido desde 1995.

José Di Bella Filho, presidente da Codesp, sustentou que “não se deve pensar em porto, isoladamente, mas no país; cada porto deve explorar sua capacidade competitiva”. Pelas suas projeções, a capacidade de Santos, estimada em 110 milhões de toneladas, poderá chegar a 300 milhões de toneladas nos próximos dez anos, incluído o projeto Barnabé-Bagres, em fase de avaliação. Do total, 156,7 milhões de toneladas referem-se a carga geral, na qual estão os contêineres, ante a atual capacidade de 48,2 milhões de toneladas. Os granéis sólidos (soja, açúcar, fertilizantes) passariam de 43,9 milhões de toneladas para 95,4 milhões de toneladas, enquanto os granéis líquidos, de 18,2 milhões de toneladas para 47,2 milhões de toneladas. Aos atuais 53 berços de atracação, seriam acrescentados outros 62.

Di Bella procurou responder às declarações de Julian Thomas, da Hamburg Süd, sobre as dificuldades de calado em Santos, que obrigam navios daquela armadora a operar com menor número de contêineres frente a capacidade das embarcações. “Como precisamos de 12,8 metros de calado para sair e o limite é de 11,8 metros, deixamos de carregar 9 mil toneladas por viagem, que é repassada a navios menores”, disse Thomas. Os prejuízos da empresa, devido a essa carência de água, são estimados em US$ 20 milhões por ano.

Segundo o presidente da Codesp, a empresa só com a dragagem de manutenção deve elevar o calado da barra para 14 metros e entre 12 metros e 13 metros o canal do estuário, o que atenderá à demanda atual. A dragagem de aprofundamento está em fase de licenciamento ambiental e deverá passar por uma audiência pública.

Thomas afirmou que os custos da praticagem no Brasil estão muito acima dos internacionais. Para um percurso de nove milhas no país, o custo é de US$ 7.200. “Em Long Beach paga-se metade disso; em Hong Kong, para milhagem maior, US$ 1.830 e em Ushuaia (Argentina), US$ 151 por milha. Existe potencial de redução considerável no Brasil”.

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