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Salas de aula nos canaviais

Até 2014, 100% de toda a colheita de cana-de-açúcar em Minas Gerais será mecanizada. Cada nova colheitadeira deverá eliminar entre 80 e 120 postos de trabalho no campo, que dá emprego a 80 mil pessoas em todo o estado só no corte da cana. Segundo estimativas do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Siamig/Sindaçúcar – MG), um terço desses trabalhadores será absorvido pela própria cadeia produtiva, enquanto os demais teriam que ser destinados a outros setores. Para minimizar os problemas sociais decorrentes da eliminação dessa mão de obra, o Plano Nacional de Qualificação para o setor sucroalcooleiro tem como meta preparar 25 mil trabalhadores em 11 estados para ser realocados na própria produção do insumo ou assumir funções em outras atividades.

A iniciativa é uma das estratégias que estão sendo negociadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os governos dos estados que serão beneficiados, entre eles Minas Gerais, representantes de trabalhadores e empregadores do segmento. “Serão realizados cursos de qualificação para funções diversas na área industrial, como soldador, caldeireiro, eletricista e lubrificador. Haverá, ainda, treinamento para funções de operador de colheitadeira e de máquinas para plantios”, explica Bruno Torrozo, diretor de qualificação profissional da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), escolhida para representar o governo mineiro junto ao MTE.

Somente em Minas Gerais, serão 2.758 vagas distribuídas em 11 cidades. Desse volume, 829 serão para formação no setor agrícola e 1.929 na indústria. “Vamos oferecer 19 cursos, sendo que 70% das vagas serão destinadas aos empregados da indústria sucroalcooleira e os 30% restantes à comunidade em que a usina estiver localizada”, informa Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Siamig/Sindaçúcar-MG. A média de duração de cada curso será de, pelo menos, 200 horas/aula. O projeto será financiado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e, se aprovado, terá um custo de R$ 21,8 milhões.

Para Vilson Luiz da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), o projeto é fundamental para garantir renda ao trabalhador, mas não resolverá o problema por completo. “É um passo importante tanto para o empregado quanto para as empresas, que vão precisar de pessoas para operar as máquinas. Mas isso não vai resolver o problema de empregabilidade do setor porque não há como manter todos os trabalhadores que serão capacitados. Por isso, estamos esperando que o governo também faça sua parte e crie oportunidades em outras áreas.”

Quase 50% de toda a colheita em Minas Gerais já é feita por máquinas. Entre 2008 e o ano passado, o estado foi o único a atingir a meta do Plano Setorial de Qualificação (Planseq) com o treinamento de 545 trabalhadores. “Foram cerca de 15 usinas participantes e seis cursos oferecidos com carga horária de 200 horas por aula%u201D, afirma Luiz Custódio. Além do projeto com o MTE, outra parceria está sendo fechada com o Ministério da Educação para alfabetizar os cortadores de cana. %u201CMuita gente é analfabeta e não tem sequer condições de participar do programa de qualificação”, explica.

O projeto já foi encaminhado para aprovação do MTE e assim que liberado serão divulgados os editais de chamada pública para convocação das instituições que deverão colocar a iniciativa em prática. “A expectativa é de que até julho esses editais sejam lançados. A partir da escolha da entidade de ensino, elas terão até 12 meses para abrir os cursos”, afirma Torrozo, da Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas. Os trabalhadores que participarão dos cursos deverão ser indicados pelas próprias empresas. Somente em Minas, são 43 usinas, sendo 66% delas (23 fábricas) concentradas na região do Triângulo. Para a safra deste ano, que já está em andamento e deve ser finalizada entre agosto e setembro, serão moídos 3 milhões de toneladas de cana.

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