Usinas

Eleições: o que fez Dilma Rousseff durante seu mandato

Estudo indica que desde 2008 mais de 60 usinas foram fechadas e 300 mil postos de trabalho foram perdidos no setor
Estudo indica que desde 2008 mais de 60 usinas foram fechadas e 300 mil postos de trabalho foram perdidos no setor

Ao passo que a safra 2014/15 avança e as revisões indicam retração na maioria dos indicadores, a eleição se aproxima e traz consigo a esperança por dias melhores. É com este misto de incerteza e confiança que os produtores precisam planejar seus investimentos futuros. O JornalCana apresenta até quinta-feira o perfil dos três principais candidatos à presidência da República, começando pela titular do cargo.

Dilma Rousseff (PT)

Ao contrário do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, a petista estabeleceu políticas públicas que desfavoreceram os canavieiros. Ao longo dos quatro anos de mandato, pouco fez. A principal ação aconteceu em 2011, quando vinculou a compra de gasolina do tipo A pelos distribuidores à aquisição do volume correspondente de etanol anidro que será utilizado na mistura, estabelecendo que a produção do biocombustível para este fim seja sob contratos firmados entre as distribuidoras e os produtores, via regulação da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

De lá para cá, a crise se agravou. A extensão do momento está registrado em documento do “Projeto Agora – Agroindústria e Meio Ambiente”.  São mais de 60 usinas fechadas, desde 2008, e de 300 mil postos de trabalho fechados no país, segundo estudo apoiado pela Unica, Orplana e Ceise-BR.

O ponto nevrálgico da crise é o controle virtual da inflação através do preço da gasolina, defasado em cerca de 20%. Em 2012, o Governo Federal zerou a Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre o combustível fóssil como forma de compensar o reajuste nos preços, tirando a competitividade do etanol. “Acho que aumentar a Cide para qualquer setor impacta no que se chama arrecadação de tributos. Há que se justificar a Cide para qualquer coisa; acredito que a política em relação ao etanol tem de ser uma política bastante clara”, explicou Dilma, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Pressionada pela ascensão de sua desafiante, Marina Silva (PSB), resolveu agir e anunciou que açúcar e etanol passarão a fazer parte do Programa Reintegra, benefício que possibilita que algumas empresas brasileiras exportadoras recuperem até 3% da receita decorrente da exportação.

No mesmo dia, o ministro Guido Mantega informou a liberação de linhas de financiamento em condições diferenciadas para a construção de armazéns de açúcar no país. Por fim, sancionou o aumento da mistura na gasolina de 25% para 27,5% em clara ação eleitoreira, já que a liberação depende da conclusão dos testes realizados pelo Cenpes/Petrobras, cujo prazo é imprevisível.

Apesar de importantes, as medidas ainda são insuficientes para a recuperação do setor, conclui a Unica. “É preciso uma visão de longo prazo, principalmente no que se refere ao etanol e à biomassa, com políticas públicas claras, estáveis, consistentes e que possibilitem a recuperação da competitividade do setor e um ambiente propício a novos investimentos”, diz a entidade.

André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, diz que de 2005 a 2008, o país registrou aumento de 25% no número de unidades sucroenergéticas instaladas. “Mas de 2008 para 2014, 30% das quase 390 usinas existentes no Brasil mudaram de mãos, fecharam, suspenderam as atividades ou estão fazendo a moagem fora de seu município”, confirma.