JornalCana

Sai reintegração de posse da Catende e produção deve começar hoje

O juiz Adalberto de Oliveira Melo, responsável pelo plantão judiciário no Recife, determinou ontem a reintegração de posse da Usina Catende (na Zona da Mata Sul de Pernambuco) ao síndico da massa falida da empresa, Mário Borba. A decisão atendeu ao pedido de Borba, que disse que a usina havia sido invadida no último dia 23 por 100 trabalhadores liderados por três sindicalistas e que na ocasião foi realizada uma assembléia destituindo-o da administração da empresa.

A decisão surpreendeu os sindicalistas. Isso porque, de acordo com o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores de Açúcar e Álcool de Pernambuco, Salmo Valetin, não houve invasão. “A Usina Catende está parada porque o próprio Borba proibiu os trabalhos. É a primeira reintegração de posse em que não houve invasão”, disse.

Segundo Borba, a ação na Justiça serviu como uma garantia para que ele continue a administrar a Usina Catende. Ele está no comando da empresa há mais de oito anos. É justamente este fato que está incomodando aos sindicalistas. “É a Justiça quem define o síndico da massa falida, mas ela tem prazo para acabar. Mas Borba não tem interesse no fim da falência porque ele recebe R$ 18 mil de salário”, acusou o sindicalista.

A confusão entre sindicalistas, trabalhadores e a administração da Usina começou depois que a Catende obteve, na semana retrasada, a maior produção dos últimos oito anos: 57 mil sacas de açúcar. “Os trabalhadores se revoltaram porque receberam 80% do 13º salário e estão sem receber a última quinzena. A média salarial é de R$ 500”, disse Salmo Valentin. O síndico Mário Borba nega o atraso no pagamento do 13º salário.

A empresa confirmou que nenhuma saca de açúcar foi processada, ontem, Centenas de trabalhadores continuavam protestando, pelo segundo dia, contra a decisão do plantão da 18ª Vara Cível do Recife, que concedeu reintegração de posse ao síndico da massa falida da Usina Catende, Mário Borba.

Em assembléia que reuniu cerca de 800 trabalhadores, segundo cálculos do Sindicato dos Trabalhadores de Açúcar e do Álcool de Pernambuco, os canavieiros decidiram deflagrar uma paralisação total das atividades até que o síndico da usina decida negociar. “Queremos a garantia de que a renda da produção açucareira dê prioridade ao pagamento dos funcionários da usina. Além disso, cobramos do administrador o pagamento da quinzena dos trabalhadores, que deveria ter sido desembolsada no último dia 23”, afirmou o secretário-geral do sindicato, Salmo Valentim.

A Usina Catende, que mantém um estoque de 65 mil toneladas de cana-de-açúcar, voltará a moer hoje, mesmo sem a participação dos funcionários, segundo informou o síndico da massa falida. A produção pode chegar a 169 mil sacas de açúcar, que equivale a R$ 3,7 milhões.

“Temos autorização judicial para providenciar a moagem da cana em unidades industriais vizinhas. Duas opções viáveis para isso são as usinas Pumati, em Joaquim Nabuco, e a Destilaria São Luiz, em Maraial”, afirmou Borba, que embora não queira mais negociar com os trabalhadores em greve, disse estar disposto a moer com eles, se retornarem ao serviço. “A decisão é dos trabalhadores. Queremos restabelecer o processo produtivo na Usina Catende, para beneficiar a todos”, completou Borba.

O síndico da usina informou que apenas os trabalhadores da moagem se recusaram a trabalhar, por isso a colheita não foi afetada, já que cerca de 2 mil canavieiros do campo mantêm o corte diário da cana. O pagamento da quinzena estaria garantido com a retomada do trabalho pelos grevistas, segundo a direção da Usina. “Vamos esperar para ver quem vai aparecer para trabalhar amanhã (hoje)”, disse Borba.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram