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Safra pode crescer até 9% em 2005/06

Apesar da crise de renda no campo, ministro Rodrigues está otimista para o plantio. A próxima safra pode ficar entre 120 milhões e 130 milhões de toneladas, se as condições de clima forem favoráveis, segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. O volume é superior ao colhido em 2004/05 – 119,5 milhões de toneladas – e semelhante à expectativa do governo para aquela safra.

Apesar da crise que atinge o setor, ele acredita que o resultado da safra tem condições de ser satisfatório, desde que chova bem durante o desenvolvimento das lavouras.

Os números que chegaram às mãos do ministro não contribuem para que o prognóstico, que ele diz ser “empírico”, se concretize. “É apenas uma expectativa, sem base técnica, já que temos muitas variáveis pela frente, como o resultado da safra americana, a remuneração dos produtos, entre outros”, afirmou, em palestra para 90 empresários, no AgriFórum, na noite de segunda-feira, na Ilha de Comandatuba (BA).

Os dados encaminhados ao ministério pelos fornecedores de insumos indicam que os produtores vão reduzir em 40% as compras de calcário, 12% de fertilizantes e 10% de defensivos. Como os agricultores estão sem recursos, com o pagamento das dívidas prorrogado e o acesso ao crédito rural está restrito, os investimentos em tecnologia serão contidos. E ainda, segundo os fornecedores, a área de plantio será entre 2% e 3% menor.

“Mas tudo isso pode ser compensado pelo clima favorável à produção, se isso ocorrer”, afirmou. Há outras variáveis que devem ser consideradas, como o predomínio do plantio de milho, cujo volume de produção por área supera ao da soja. Ou, em situação contrária, o plantio de algodão for maior do que o esperado.

Segundo Rodrigues, se as condições das lavouras não forem favoráveis, a colheita poderá repetir as duas anteriores ou até ser menor. “Não temos dúvida de que haverá redução do padrão tecnológico e que o risco de perda de produtividade é bastante elevado”, diz. Mesmo assim, o ministro mantém o prognóstico otimista.

DesânimoO esforço do ministro em transmitir um clima de confiança aos empresários não ajudou a esconder o abatimento em que se encontrava durante sua estada na Ilha de Comandatuba. Constrangido, informou que espera que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprove hoje a prorrogação das dívidas dos produtores que não foram atingidos pela seca, de cerca de R$ 2 bilhões – já anunciada duas vezes por ele no último mês.

Ele também reclamou que até o momento não foi liberado recurso para o apoio à comercialização, anunciado em junho – R$ 1 bilhão, sendo que a primeira parcela, de R$ 600 milhões estava prevista para o primeiro semestre – nem os R$ 3 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) destinados para a renegociação das dívidas dos produtores com a iniciativa privada, segundo resolução do CMN de julho. Parte deste valor era destinada aos produtores atingidos pela estiagem no Centro-Sul do País.

Rodrigues diz que luta com dificuldade para tentar atender minimamente os pleitos dos agricultores. “O cobertor está curto”, repetiu diversas vezes. A falta de recursos é grande e o setor do Ministério da Agricultura mais afetado continua sendo o da defesa sanitária. As condições precárias relatadas pelo ministro, que também atingem a área de pesquisa, levaram alguns empresários a oferecer ajuda. “Como podemos contribuir?”, perguntaram alguns pecuaristas.

“A dificuldade com a participação privada no financiamento da pesquisa está na cobrança por resultados imediatos”, explicou. Segundo ele, a pesquisa serve para abrir um cenário novo para a atividade agrícola. Quando se estuda o genoma de uma planta, a aplicação prática desse conhecimento pode levar décadas e isso tem de ser custeado pelo Estado. “Podemos aceitar ajuda para atividades mais simples no campo da pesquisa”, concluiu.

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