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Safra nacional de cana-de-açúcar será maior

Um levantamento divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a cooperação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), indica que a nova safra de cana-de-açúcar do Brasil vai atingir 629 milhões de toneladas, o equivalente a 10% a mais em relação à lavoura anterior.

O Paraná, terceiro maior produtor do País, atrás de São Paulo e Minas Gerais, vai seguir a tendência nacional, com um crescimento de produção de 21,4%, um dos mais altos do Brasil, e também de área plantada, com 628 mil hectares, 4,5% a mais do que a safra anterior.

O Paraná é o segundo maior produtor de álcool do País e quarto em açúcar. As regiões de Umuarama e Paranavaí, ambas no noroeste, são as expoentes do Estado nessa área, que deve render, de forma b! ruta, R$ 1,41 bilhão.

De acordo com o economista e coordenador do setor sucroalcooleiro do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Dizonei Zampieri, a estimativa prevista é a de que o Estado colha 49 a 50 milhões de toneladas de cana.

“Do total desse produto, a cana vai ser transformada em açúcar ou álcool hidratado (combustível). No caso do açúcar refinado, a produção vai passar de 2,37 milhões de toneladas para 3,29 milhões, um crescimento de 38%. O álcool combustível também apresentou um aumento. Em 2008, foram 1,94 bilhão de litros e esse ano a estimativa é de 2,19 bilhões, aumento de 14%”, revela.

O coordenador conta que o setor, principalmente a produção de açúcar, vem crescendo ao longo dos anos no mercado internacional. “Quem está investindo no açúcar está se dando bem, pois em outros países, como a Índia, estão ocorrendo quebras! na produção. Com isso, o produtor brasileiro vem abrindo espaço. No Paraná, no período de janeiro a julho desse ano, foram exportados aproximadamente 1,1 milhão de toneladas. Em comparação com essa mesma época no ano passado, registramos um aumento de 21%. Podemos afirmar então que a crise mundial não afetou muito o nosso açúcar”, afirma.

Se por um lado a exportação de açúcar vem animando, o mesmo não se pode dizer das exportações de álcool combustível, que apresentam uma queda significativa.

“Infelizmente, a crise atingiu em cheio o álcool. Nesse mesmo período, exportamos 171,13 milhões de litros, decréscimo de 50%. Além da crise econômica mundial, a queda do preço do barril de petróleo, estimado em US$ 70, influenciou a redução das exportações. Ao menos, o consumo interno do álcool combustível vem crescendo graças a essa tendência de carros flex (que utiliza dois ou mais tipos de combustíveis), o que ainda garante um bom mercado para o setor”, garante.

Za! mpieri afirma também que a crise financeira que assolou o mundo não veio com tanto impacto na lavoura de cana. Segundo ele, a colheita vem de plantações com pelo menos seis anos. Contudo, a alta dos insumos pegou alguns produtores de surpresa.

“Na safra 2006/2007, eram necessários 15,9 toneladas de cana para comprar uma tonelada de adubo. Hoje essa conta pulou para 36,4. É uma preocupação sim, mas como a área sucroalcooleira vem se expandindo, acredito que isso não irá afetar os níveis de produção”, avalia.

Crise mundial e clima afetam a produção de álcool

José Gomercindo/SECS

Este ano, Paraná, terceiro maior produtor do País, registra 21,4% de incremento na produção e 4,5% de área plantada.

Para o superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, o setor inspira cuidados. Embora corrobore com os dados da Conab e da Seab, Dias fala que e! xistem detalhes que preocupam os produtores.

“O momento não anda dos mais favoráveis para a gente. Nós vislumbramos a abertura de novos mercados e investimos na expansão da área cultivada. Entretanto, não esperávamos que essa crise fosse ser tão poderosa. Além disso, enfrentamos dificuldades com o nosso clima. O aproveitamento do tempo nas usinas de álcool e açúcar ficou em apenas 60%. As chuvas, com exceção da primeira quinzena de agosto, foram bem prejudiciais, pois isso acarretou em um atraso na hora da colheita e, consequentemente, gerou um rendimento industrial abaixo do que esperávamos”, revela.

Com a demora da colheita da cana, o superintendente explica que a taxa de Açúcar Total Recuperável (ATR) cai, o que significa que vão extrair menos quantidade de açúcar por tonelada colhida.

“Em 2008, a proporção era de uma tonelada de cana para se obter 142 quilos de açúcar. Hoje trabalhamos com uma previsão de quatro a cinco quilos a menos, ou seja, prejuízo”, diz.

Mesmo com uma visão um tanto quanto pessimista, Dias acredita que o setor deve manter o crescimento, em especial a produção de açúcar. “O preço obtido pelo produtor é de R$ 1 por quilo de açúcar e de R$ 0,76 por litro de álcool hidratado, considerados muito bons. O interessante do açúcar é que existe uma demanda mundial pelo produto. Ano passado, pagavam US$ 0,15 por libra/peso. Hoje esse valor é de US$ 0,25, preço mais do que atrativo para o produtor”, garante.

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