Safra 2025/26

Por que a moagem de cana segue em baixa nas usinas do Centro-Sul

No acumulado até 1º de julho, moagem de cana segue 14,06% menor ante igual período da safra anterior

Na segunda quinzena de junho, as unidades produtoras da região Centro-Sul registraram moagem de cana de 42,71 milhões de toneladas ante as 49,01 milhões da safra 2024/2025 – o que representa queda de 12,86%.

No acumulado da safra 2025/2026 até 1° de julho, a moagem atingiu 206,2 milhões de toneladas, ante 239,95 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo anterior – retração de 14,06%.

Quais os motivos de a moagem de cana seguir em baixa?

  • ATR: Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na segunda quinzena de junho atingiu 131,53 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 140,18 kg por tonelada na safra 2024/2025 – variação negativa de 6,17%.
  • Acumulado: No acumulado da safra, o indicador marca 122,19 kg de ATR por tonelada, registrando retração de 4,79% na comparação com o valor observado em igual posição no ciclo anterior.
  • Produtividade agrícola: A respeito da produtividade agrícola, dados do Centro de Tecnologia Canavieira indicam que o índice acumulado do ciclo 2025/2026, de abril a junho, registra queda de quase 11% no comparativo com o mesmo período da última safra.
  • Avaliação: “Essa retração no rendimento agrícola somada a quebra de 5% na qualidade da matéria-prima resulta em uma queda na quantidade total de ATR por hectare superior a 15% na área colhida no Centro-Sul até o momento”, pontua o diretor de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues.
  • Unidades em operação: Na segunda quinzena de junho, uma unidade deu início à safra 2025/2026. Ao término da quinzena, 257 unidades produtoras na região Centro-Sul estavam em operação, sendo 237 unidades com processamento de cana, dez empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex.
  • Ciclo passado: No mesmo período, na safra 2024/2025, operaram 259 unidades produtoras, sendo 240 unidades com processamento de cana, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex.

Moagem de cana e produção de açúcar e etanol

A produção de açúcar nos primeiros quinze dias de junho totalizou 2,84 milhões de toneladas, registrando queda de 12,98% na comparação com a quantidade registrada em igual período na safra 2024/2025 (3,27 milhões de toneladas).

No acumulado desde o início da safra até 1° de julho, a fabricação do adoçante totalizou 12,25 milhões de toneladas, contra 14,29 milhões de toneladas do ciclo anterior (-14,25%).

Produção de Etanol

Na segunda metade de junho, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 1,92 bilhão de litros, sendo 1,17 bilhão de litros de etanol hidratado (-17,70%) e 742,96 milhões de litros de etanol anidro (-17,00%).

No acumulado do atual ciclo agrícola, a fabricação do biocombustível totalizou 9,43 bilhões de litros (-14,81%), sendo 6,12 bilhões de etanol hidratado (-13,84%) e 3,31 bilhões de anidro (-16,55%).

Do total de etanol obtido na segunda quinzena de junho, 19,49% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 373,62 milhões de litros neste ano, contra 304,82 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2024/2025 – aumento de 22,57%.

No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 2,18 bilhões de litros – avanço de 22,12% na comparação com igual período do ano passado.

Vendas e Mercado de Etanol

No mês de junho, as vendas de etanol totalizaram 2,8 bilhões de litros, o que representa variação negativa de 3,58% em relação ao mesmo período da safra 2024/2025.

O volume comercializado de etanol anidro no período foi de 1,02 bilhão de litros – retração de 1,68% – enquanto o etanol hidratado registrou venda de 1,78 bilhão de litros – retração de 4,63%.

No mercado doméstico, o volume de etanol hidratado comercializado pelas unidades do Centro-Sul totalizou 1,71 bilhão de litros – variação negativa de 6,23% em relação ao mesmo período da safra anterior.

O levantamento de preços mais recente (29/06 a 05/07/25), divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostrou que em mais da metade dos municípios apurados, o etanol hidratado se apresenta economicamente mais vantajoso em relação ao seu concorrente fóssil, com destaque para os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, em que todas as cidades apresentaram um diferencial abaixo da paridade técnica.

“Em mesma semana, a paridade média no País foi de 66,8%, oferecendo uma alternativa viável para o consumidor brasileiro economizar e descarbonizar”, explica Rodrigues.

“As saídas de etanol anidro para o mercado interno devem apresentar um reforço na demanda pelo produto nas próximas quinzenas com início de vigência do E30, além de posicionar o anidro como um importante instrumento para ampliar os efeitos positivos para o meio ambiente e saúde pública pelo uso de um combustível com menor pegada de carbono”, complementa Rodrigues.

No acumulado desde o início da safra até 1° de julho, a comercialização de etanol pelas unidades do Centro-Sul somou 8,56 bilhões de litros, registrando queda de 2,59%. O volume acumulado de etanol hidratado totalizou 5,49 bilhões de litros (5,10%), enquanto o de anidro alcançou 3,07 bilhões de litros (2,24%).

Mercado de CBios

Dados da B3 até o dia 11 de julho indicam a emissão de 22,58 milhões de créditos em 2025 pelos produtores de biocombustíveis.

A quantidade de CBios disponível para negociação em posse da parte obrigada, não obrigada e dos emissores totaliza 27,49 milhões de créditos de descarbonização.

“Somando os CBios disponíveis para comercialização e os créditos já aposentados para cumprimento da meta de 2025, já temos cerca de 80% dos títulos necessários para o atendimento integral da quantidade exigida pelo Programa para o final deste ano”, destaca o diretor da UNICA.