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Ritmo lento nas negociações agrícolas entre Brasil e China

As negociações agrícolas entre Brasil e China avançam, mas a passos lentos, segundo especialistas dos agronegócios. O país é um dos maiores exportadores de soja para a China, mas potenciais exportações envolvendo outros produtos agrícolas, como carnes, algodão, açúcar e álcool, seguem travadas.

“A China é deficiente em recursos naturais. O país terá um papel importante como importador no longo prazo para produtos agrícolas”, observou Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e de Negociações Internacionais (Icone).

Nas negociações multilaterais, a China segue uma posição defensiva, acrescentou Jank. Segundo ele, Brasil e China tem posições diferentes nessas negociações multilaterais. “Interessa para a China ter acesso a bens industriais, mercado que é protegido no Brasil”, disse.

Para Renato Amorim, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, o Brasil precisa ser mais agressivo nas negociações, uma vez que o país tem uma maior dependência comercial. Segundo ele, as exportações brasileiras para a China representam entre 7% e 8% do total embarcado. Mas a proporção das exportações da China para o Brasil é bem pequena, de 0,6% a 0,7% do total.

Amorim disse que no setor de carnes não há avanços desde a assinatura do memorando de intenções firmado entre os dois governos, no ano passado. “Também há um grande interesse da China no etanol brasileiro e em madeira.”

No açúcar, há perspectivas de que a China amplie as importações em 2 milhões de toneladas. Mas para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool, essa maior demanda é justificada pela produção menor que o consumo, não por causa da abertura de mercado.

Daniel Rosen, do Instituto de Economia Internacional, de Washington, disse que a China tem interesse de abrir seu mercado de açúcar, uma vez que há poucos e ineficientes produtores. Ele lembra que o perfil de consumo dos chineses mudou, impulsionado pela migração dos agricultores para áreas urbanas e pelo crescimento da economia. “Haverá uma maior demanda por carnes na China. Conforme o consumo de carnes cresce, muda o perfil para o uso dos grãos.” No trigo, por exemplo, a demanda está caindo em razão dessa mudança no consumo.

No caso da soja, as indústrias acreditam que o mercado poderá crescer no longo prazo. Carlo Lovatelli, presidente da Abiove (reúne as esmagadoras), não acredita que a ameaça de retaliação do governo brasileiro aos produtos têxteis da China devem prejudicar as exportações de soja. “Eles podem até retaliar, mas precisam da soja.”

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