Ritmo de consumo é insustentável
O número de pessoas afetadas por catástrofes climáticas no Brasil, nos últimos dez anos, coloca o País como o 11º com maior registro de vítimas no mundo.
Já no ranking da WWF, que analisou a capacidade produtiva da natureza de 146 nações, o País ocupa a 60ª colocação. Para os cientistas da entidade, o Brasil extrai, hoje, 20% a mais do que a capacidade biológica de seu território.
Ao invés de 1,9 hectare por habitante, já são necessários 2,2 hectares para satisfazer a atual demanda por bens de consumo de cada brasileiro.
A pressão vem de vários lados, mas tem um único destino, que na sociedade moderna recebe o nome de consumidor.
E é nesse ponto que os dados da Cruz Vermelha Internacional se cruzam com o levantamento do WWF. A principal razão para o desequilíbrio ambiental da Terra está no consumo desenfreado.
“É preciso introduzir, no cotidiano, o Consumo Consciente”, afirma Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu, uma entidade sem fins lucrativos que tem como missão conscientizar e mobilizar o cidadão brasileiro para o seu papel na construção da sustentabilidade da vida no Planeta.
A proposta, entre outros pontos, dá ênfase à reciclagem, ao incentivo à agricultura orgânica e a ampliação do uso das energias renováveis, como a eólica, solar ou biomassa.
Idéias como as disseminadas pelo Akatu, que em tupi significa mundo melhor, e por outros grupos pelo País, pouco a pouco vêm alcançando eco.
A produção mundial de painéis solares, por exemplo, subiu 44% entre 2002 e 2006. Até o final da década, espera-se um aumento de mais de 60%. Já a área plantada de alimentos orgânicos cresce mais de 17% ao ano desde 2002.
Nos dois casos, o custo desses produtos ainda está distante da realidade do orçamento da maioria dos brasileiros. Isso se deve a uma velha lei de mercado: oferta versus demanda, escala versus redução de custos — ou seja, quanto maior a adesão, mais essas tecnologias estarão acessíveis à comunidade. E, novamente, o poder está nas mãos dos consumidores.