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REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A INDÚSTRIA DA CANA

Quando o programa Proálcool se tornou financeiramente inviável em 1995 com a queda do preço do barril de petróleo a patamares de US$ 12 a US$ 20, o setor sucroalcooleiro se viu diante de um dilema: como sustentar a produção de álcool combustível e do açúcar frente à demanda interna e externa, sem incentivo do governo? Como muitos segmentos da economia, a indústria canavieira começou a dar seus maiores saltos quando passou a andar com os próprios pés. Nos últimos 10 anos, o mercado passou por um processo de transformação tecnológica e organizacional generalizado, que não só levou o país a ser líder isolado na produção de álcool combustível e açúcar, como também tornou a indústria canavieira um negócio competitivo e atraente.

As empresas líderes do setor, e as mais organizadas, já destinam em média de 1,5% a 2% de seu faturamento ao investimento em sistemas e tecnologias inteligentes, para controlar com qualidade e precisão todo o complexo processo de produção, desde o planejamento do plantio à colheita da matéria-prima, passando pelo processamento industrial até à distribuição de produtos para o mercado.

Essa sucessão de investimentos em TI permitiu aos nossos produtores obter maior volume de matéria-prima por hectare de terra e, principalmente, safras de qualidade superior, assegurando melhores preços no mercado.

Em 2004/2005, a safra nacional de cana-de-açúcar passou de 356 milhões de toneladas para 383 milhões de toneladas. E até o final deste ano deverão ser colhidas cerca de 404 milhões de toneladas. Só no ano passado foram produzidos cerca de 25,8 milhões de toneladas de açúcar e 15,9 milhões de litros de álcool combustível, de acordo com a União da Agricultura Canavieira do Estado de São Paulo. De 2000 a 2005, a produção de álcool combustível cresceu 50% e a de açúcar em torno de 60%.

E o melhor de tudo, de forma mais econômica. O custo da produção brasileira chega a ser 50% menor do que o dos outros países. Todos os impactos trazidos pela tecnologia ao processo produtivo tornam o mercado sucroalcooleiro nacional um negócio altamente competitivo, capaz de atrair investimentos externos.

Hoje assistimos a um processo de consolidação no segmento, com sucessivas fusões e aquisições entre empresas nacionais e a entrada de gigantes internacionais (Louis Dreifuss, Tereos, Cargill), movimento fortemente condicionado pela reconfiguração energética mundial, em que a popularização dos carros bi-combustíveis e a substituição do petróleo conforme determina o Protocolo de Kioto são os atores principais.

Com o uso estratégico de tecnologia, e renovadas estruturas de gestão, o setor canavieiro deixou de ser formado por empresas familiares para se transformar em verdadeiras indústrias de alimentos e energia, que empregam cerca de 400 mil trabalhadores apenas no Estado de São Paulo. Mas ainda há muito espaço a ser explorado. Até o final de 2006 estima se que o número de unidades produtoras saltará de 320 para 340. E o Brasil possui cerca de 22 milhões de hectares de terras disponíveis para plantio da cana. E nessa disputa pela fatia do bolo vencem aqueles que estiverem tecnologicamente preparados.

Gilberto Girardi – presidente da Próxima, que atua há 20 anos no setor sucroalcoleiro e um dos pioneiros no desenvolvimento de tecnologia para o agronegócio no Brasil. Desenvolveu o primeiro sistema de gestão de cana.

e-mail: gg@proxima.agr.br

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