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Retomada leva IGP-M a 1,22%; aço puxa preços

Sob o impacto da disparada do preço do aço, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) registrou inflação de 1,22% em agosto, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

A variação é menor do que a de julho (1,31%), mas superou as expectativas do mercado. Segundo levantamento do Banco Central com as principais instituições financeiras do país, a projeção era de um IGP-M de 0,86% neste mês.

Para a FGV, o índice de agosto revelou, pela primeira vez, que o reaquecimento da economia está permitindo o aumento de alguns preços. É o caso do grupo ferro, aço e derivados, cuja alta de 8,19% no atacado é a maior desde novembro de 2002 (9,78%). Até então, segundo a FGV, os reajustes aconteciam apenas para repassar aumentos de preços internacionais, não com o objetivo de recuperar margens de lucro.

Em 2004, o aço já acumula alta de 40,43%. É mais do que a variação de todo o ano de 2002 (39,34%), quando o país viveu a crise cambial durante a eleição presidencial.

Na avaliação de Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, é “possível” que alguns ramos estejam aproveitando a expansão da demanda interna para recompor seus ganhos. Sobre o aumento do aço, afirmou: “Com uma alta dessa magnitude, pode-se falar em um choque do aço”.

A recuperação do nível de atividade econômica, diz, também possibilitou reajustes de produtos do grupo papel e papelão -alta de 2,9%.

O aumento do aço, matéria-prima utilizada na fabricação de vários produtos, obrigou muitas indústrias a também elevar seus preços, de acordo com Quadros. Citou o exemplo da de bens duráveis (móveis, eletrodomésticos e veículos), cujos preços no mercado atacadista subiram 0,98% em agosto -a alta em julho havia sido de 0,40%. Essas altas, porém, ainda não chegaram ao consumidor final, segundo a FGV.

Por causa do aço, dos alimentos e dos duráveis, o IPA (Índice de Preços por Atacado) subiu 1,42% em agosto, contra 1,58% em julho. A alimentação registrou alta de 1,66%, em decorrência especialmente do aumento de 11,94% de legumes e frutas. Por causa do clima, o tomate, por exemplo, subiu 46,63% em agosto.

Apesar da pressão no atacado, a FGV diz que ainda não apurou fortes repasses para os preços ao consumidor. Pressionado pelo aumento “pontual” de alimentos “in natura”, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,80%, mais do que o 0,67% de julho. Os alimentos subiram 1,26%, puxados por hortaliças e legumes (9,86%). O álcool (alta de 8,94%) e a gasolina (1,10%) também tiveram impacto no IPC de agosto.

O economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), concorda com Quadros. Diz que o crescimento da demanda doméstica abre espaço para uma recomposição de margens de lucro, especialmente aqueles que estão liderando o crescimento industrial.

Ele avalia, porém, que esse movimento seja “transitório” e que não chegará com forte intensidade aos preços ao consumidor.

Já Alexandre Sant Anna, da ARX Capital, diz que os repasses para os preços finais são inevitáveis. “É de esperar que, com a recuperação da renda e do emprego, fique mais fácil repassar.”

Para Sant Anna, o IGP-M de agosto surpreendeu negativamente e só não foi maior por causa da queda de 5,64% nos preços de grãos e cereais no atacado -a cotação desses itens (soja, milho, entre outros) está em queda no mercado internacional. Só o aumento do aço, diz ele, representou 0,25 ponto percentual do IGP-M de agosto.

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