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Retomada da indústria não chega ao emprego

O emprego na indústria perdeu fôlego em maio: o número de vagas criadas pelo setor ficou estável na comparação que exclui os efeitos sazonais (típicos de cada período) com abril, quando as contratações haviam crescido 0,6%.

Para Isabela Nunes, economista do Departamento de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a retomada da produção da indústria em maio (alta de 1,3% ante abril) e as perspectivas favoráveis para junho apontadas por indicadores antecedentes, como o aumento da fabricação de veículos e papelão e consumo de energia, ainda não surtiram efeito no nível de emprego industrial.

“Os empresários aguardam uma sinalização de que a recuperação da atividade econômica se sustentará nos próximos meses antes de abrir novas vagas”, disse.

Mesmo sem abrir novas vagas em maio, a indústria registra um nível de ocupação mais elevado do que em 2004. Em relação a maio do ano passado, as contratações cresceram 2%. Esse indicador apresenta resultado positivo desde março do ano passado

De acordo com Nunes, os setores que estão “sustentando o emprego” e evitando uma queda na ocupação são a indústria de alimentos voltada às exportações (processamento de cana-de-açúcar e soja, entre outros) e de bens duráveis, como a indústria automobilística. São os mesmos ramos, de acordo com Nunes, que estão liderando o aumento da produção da indústria.

No caso dos bens duráveis, o crédito é o propulsor tanto do emprego como da alta da produção de veículos, eletrodomésticos e outros produtos do ramo.

Regionalmente, Minas Gerais e São Paulo foram os Estados que mais contribuíram para a geração de novas vagas e evitaram o recuo do emprego em maio. Os dois concentraram fábricas de veículos e unidades da agroindústria exportadora, como usinas de açúcar e álcool.

Folha de pagamento

De acordo com o IBGE, o valor total da folha de pagamento da indústria, que considera os salários, benefícios e horas extras, aumentou 2% em maio na comparação com o mês anterior, descontados os efeitos sazonais. Em abril, havia registrado queda de 2,5%. “O que mostra que na média dos últimos meses o quadro é de relativa estabilidade na renda do trabalhador da indústria”, disse Nunes.

Na comparação com maio de 2004, os gastos da indústria com o pagamento de pessoal aumentaram 6,3%. O principal impacto para tal expansão veio da indústria paulista.

Apesar de o índice excluir fatores típicos de cada período, o IBGE diz que o pagamento extraordinário de participação nos lucros “de uma grande empresa do setor de extração de mineral” (leia-se Petrobras) inflou o resultado.

Na avaliação de Nunes, a inflação mais baixa em maio também contribuiu para elevar o poder de compra dos trabalhadores.

Juros altos

Para Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o aperto da política monetária desde setembro do ano passado “é a principal causa” da cautela dos empresários em abrir novos postos de trabalho, pois contraiu a demanda interna.

Além disso, ele afirmou que a queda do dólar também afetou o emprego na indústria. É que, com o real valorizado, a receita de muitas empresas caiu, mesmo que eles tenham mantido sua produção para continuar atendendo ao mercado externo.

Menos capitalizadas, as empresas, diz, optaram por adiar ou suspender contratações.

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