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Retenção da oferta motiva forte alta do álcool no país

Depois de um turbulento primeiro trimestre, período em que as cotações registraram fortes baixas, levando as usinas a desovarem seus estoques a preços menos remuneradores, as negociações com álcool voltaram a ficar atraentes desde a semana passada no país. As cotações do álcool anidro (misturado na gasolina) e do tipo hidratado (usado como combustível) subiram 15% e 23%, respectivamente, na comparação com a semana anterior.

“Os atuais estoques de álcool estão concentrados nas mãos de poucos grupos de comercialização”, observa Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job Economia e Planejamento. Atualmente, de acordo com levantamento da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), cerca de 90% dos estoques de álcool da região Centro-Sul do país estão concentrados nas mãos das usinas paulistas.

O preço médio do litro do álcool anidro, entre os dias 29 de março e 2 de abril, em São Paulo, ficou em R$ 0,458, alta de 15% sobre os dias 22 e 26 de março. Em relação ao início do ano, a desvalorização ainda é de 36%. O litro do hidratado fechou a R$ 0,425 (sem imposto) no mesmo período, valorização de 23,45% sobre a semana anterior. Mas neste ano, a retração acumulada é de 30%, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Na semana passada, as usinas venderam volumes de álcool acima da média das últimas semanas, diz Ivan Bueno, diretor da corretora Nova Fase. Segundo ele, a média semanal fica é de 250 milhões de litros. “Foram negociados entre 300 milhões e 350 milhões de litros”, afirma.

Para Martins Borges, o maior volume negociado na semana passada reflete a concentração das compras por parte das distribuidoras no final do mês.

Mas, no último trimestre, o movimento das distribuidoras não foi sincronizado. Com os preços do álcool despencando, as distribuidoras deixaram de concentrar grandes volumes no final de cada mês, passando a comprar aos poucos, na expectativa de que as cotações do combustível cedessem mais.

A forte recuperação dos preços ainda não é um sinal de que as cotações vão deixar de cair, mas mostram que não têm mais espaço para quedas abruptas, afirma Martins Borges. “Temos que lembrar que a safra se aproxima.”

Para a Unica, o aumento reflete um momento pontual do mercado. A colheita da nova safra já começou no Paraná e em algumas usinas de São Paulo, mas deverá se concentrar a partir da primeira quinzena de maio. Ontem, as usinas chegaram a vender o anidro a R$ 0,55, o litro, e o hidratado, a R$ 0,58 (com imposto).

Os estoques de passagem para a nova safra devem ficar em cerca de 1,1 bilhão de litros, segundo a Job. Para a Unica, os volumes serão em torno de 1 bilhão. A estimativa anterior da entidade era de 1,3 bilhão de litros.

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