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Reserva para oferta inovadora da Biosev acaba amanhã

A abertura de capital da Biosev, braço sucroalcooleiro da francesa Louis Dreyfus Commodities, trará uma nova oportunidade para o investidor. Ele poderá comprar as ações de uma empresa primeiro para avaliá-la depois. Poderá, inclusive, se arrepender e ter o dinheiro de volta.

A oferta traz uma inovação preparada pelo banco coordenador, o BTG Pactual. Segundo informações do prospecto, além das ações da empresa, estão sendo ofertadas opções de venda dessas mesmas ações, que vencem 15 meses após a conclusão da oferta. Após esse prazo, se a ação da Biosev estiver abaixo do preço da oferta inicial, quem comprou os papéis e as opções poderá exercê-las e receber seu dinheiro de volta corrigido.

O preço da ação já está fixado em R$ 15 e caberá aos investidores institucionais, no processo de “bookbuilding”, definir qual será o valor da opção. A faixa sugerida é um intervalo entre R$ 0,01 e R$ 2. O valor estimado para a operação é de R$ 746,6 milhões, somando o que será pago pelas ações e pelas opções, estimadas para esse cálculo em R$ 1. A faixa de investimento para o varejo fica entre R$ 3 mil e R$ 300 mil.

A novidade da operação da Biosev tem suas razões de ser. Primeiro as ofertas têm encontrado dificuldades por conta do ambiente atual de investimento no Brasil e da volatilidade do mercado. Segundo, porque a Biosev já tenta há alguns anos abrir capital, sem sucesso. Ano passado, desistiu no dia da formação de preço, por não concordar com o desconto exigido pelo mercado.

A empresa precisa listar-se em bolsa até agosto de 2014, por conta de contrato fechado na fusão da Biosev (antiga LDC-SEV) com o Grupo Santelisa Vale. O documento regula as condições do refinanciamento da dívida bancária da Santelisa Bioenergia com a Usina continental com Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Itaú BBA, que estão como coordenadores da oferta. E prevê que, na oferta, 30% dos recursos captados para o caixa da Biosev, ou R$ 198,7 milhões, irão amortizar a dívida com credores.

A concessão da opção também não deixa de ser uma demonstração de confiança da controladora francesa no negócio. Assim que a oferta for concluída, a Dreyfus vai depositar, com recursos próprios, o valor necessário para honrar a opção na CBLC. O preço de exercício da opção é de R$ 16,57 – os R$ 15 da ação ajustados pela expectativa dos bancos coordenadores da oferta para a curva do CDI estimada a partir de 22 de março de 2013 até o vencimento da opção. O prêmio será definido pelo bookbuilding.

Além disso, o BTG Pactual deu garantia de colocação de 50% da oferta – esse é outro fato pouco comum nessas operações. Com isso, para garantir a colocação, o mercado terá de absorver cerca de metade (R$ 350 milhões) do que está sendo ofertado.

O prazo para reservar os papéis da Biosev termina amanhã e o preço da opção sai segunda. Nos formulários, o investidor terá a opção de comprar apenas as ações da empresa ou um combo de ações mais as opções de venda – só assim estará “protegido” de eventuais desvalorizações. As ações serão listadas no Novo Mercado. E as opções serão negociadas no ambiente BM&F. Para poder realizar a operação nesses moldes, em 1º de março, a BM&FBovespa solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) “procedimento especial” para lançamento e registro das opções. A aprovação da autarquia ainda está pendente e, sem ela, a oferta não poderá ser concluída.

A estreia simultânea de ações e opções também será uma situação nova. A existência de opções poderá estimular negócios com os papéis da empresa em vez de, como pode se pensar a princípio, a possibilidade de devolvê-los fazer com que os investidores os encarteirem, dependendo do comportamento da ação. Se o papel tiver desempenho positivo, também haverá aqueles que deixarão as opções no meio do caminho.

O lançador das opções de venda será a Hédera Investimentos e Participações, constituída no Brasil e controlada por uma holding pertencente à Dreyfus. A Hédera é a responsável por honrar as opções referentes à oferta; as que forem lançadas no mercado secundário serão de responsabilidade de cada novo lançador. Antes do vencimento, a Hédera também poderá comprar opções no secundário e as extinguir.

Após a conclusão de oferta, entre 41% e 42,5% do capital da empresa estará em circulação no mercado (“free float”). E 20% dele nas mãos dos novos acionistas – dependendo do resultado final do lançamento, o BTG Pactual poderá ser o maior novo acionista. Completam a base aqueles que já são hoje sócios. Se após 15 meses a opção for exercida, o free float será reduzido pela metade. Futuramente, a empresa terá opção de, por exemplo, realizar blocos de negociação para recompor o free float.

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