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Rentáveis, mesmo com crescimento menor

Apesar de a receita líquida das 50 maiores empresas do Sudeste ter voltado a crescer ao ritmo registrado em 2002 – o mais baixo da série iniciada em 2001 –, a rentabilidade se manteve nos mesmos níveis de 2004, um ano considerado muito positivo para a economia. Mesmo menor, a taxa de crescimento do Sudeste em 2005, de 13,2%, superou a das demais regiões brasileiras no ano, assim como a rentabilidade do patrimônio das maiores companhias, de 19% em média.

A participação da região no total nacional, além de continuar sendo, disparada, a maior, também cresceu em 2005, invertendo o movimento de queda que vinha se verificando, de acordo com o levantamento feito por Valor 1000 nos últimos cinco anos. Com receita líquida de R$ 878,9 bilhões em 2005, as empresas do Sudeste representaram 74,2% do total, em comparação com os 72,6% de 2004 (R$ 795,9 bilhões).

Sob a ótica estadual, o crescimento da indústria paulista também ficou acima da média nacional de 2005. Estado responsável por quase 50% da produção industrial brasileira, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Paulo cresceu 3,8% no ano, perante uma média de 3,1%. Na visão de Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, em 2005 o destaque foi a indústria automobilística que grosso modo se concentra no Sudeste – com convergência maior para São Paulo. “Foi um ano muito bom para as montadoras e isso ajudou a segurar a produção industrial no Sudeste.”

Mas esse desempenho industrial poderia ter sido melhor não fosse a concorrência predatória de produtos vindos da China, sobretudo calçados e têxteis. Se, por conta da recuperação da massa salarial desde meados de 2005, a reabilitação da renda vai beneficiando, além da indústria, setores como o de serviços e comércio, sua força não tem sido suficiente, contudo, para impulsionar regiões industriais do interior paulista mais vulneráveis ao ataque asiático. Segundo Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, a indústria calçadista da região de Franca, por exemplo, precisaria encontrar urgentemente alternativas de competitividade para poder enfrentar a invasão oriental. “Ou até mesmo receber algum tipo de proteção governamental.”

O agronegócio paulista, por sua vez, “vai muito bem, obrigado”, na expressão de Fábio Ribas Chaddad, economista do Ibmec-SP. Os preços internacionais do açúcar, do álcool e do suco de laranja estão historicamente muito favoráveis, e as culturas de cana-de-açúcar e laranja ocupam grande parte da área plantada de São Paulo. “Comas perspectivas que se abrem para a produção maciça de etanol, a cultura da cana já está chegando ao Vale do Paranapanema, região do Oeste Paulista que historicamente era de gado.”

O Sudeste vem se caracterizando há anos como região de crescimento heterogêneo. Borges, da LCA, comenta que de meados de 2004 para cá tem ganhado destaque a evolução positiva do Rio de Janeiro, principalmente por conta da indústria petrolífera. A Petrobras, que puxa esse movimento,tem investido pesado no aumento da extração do petróleo no estado. “Dessa forma, a produção industrial do Rio vem crescendo também em relaçãoà de outros estados do Sudeste.”

O percentual de participação do Sudeste na receita nacional, além de seguir, disparado, na frente, voltou a crescer em 2005, interrompendo um velho ciclo A parcela paulista na receita regional vem de fato caindo a cada ano. Em 2005, a participação das empresas paulistas no total da receita líquida do Sudeste foi de 49,75%, em comparação com 51,6% em 2004. No ano 2000, o faturamento das companhias de São Paulo representara 53,78% do total da região. No caso do Rio de Janeiro acontece o oposto. Em 2005, teve 36,83% da receita do Sudeste, contra 35,3% em 2004 e 34,47% no ano 2000. Com sinal trocado, o nível do avanço ano a ano do Rio na Região Sudeste corresponde mais ou menos ao da queda gradual da participação de São Paulo.

Minas Gerais, o terceiro maior estado da região, pouco variou de um ano para outro. Em 2005, o faturamento de suas maiores companhias representou 10,9% do total (10,6% em 2004). Algumas áreas ajudam a manter essa fatia. “O desempenho da Vale do Rio Doce na extração de minério de ferro foi muito bem em 2005 por conta das exportações”, cita Borges. Para Pereira, da RC Consultores, além da parte extrativa mineral, também a indústria automobilística tem conseguido algum dinamismo em Minas. “Por conta dos minérios e autos, os municípios que fazem fronteira com São Paulo e Rio tendem a ter melhores resultados do que os fronteiriços com o Centro-Oeste, como Sete Lagoas, que vivem mais da atividade agrícola.”

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