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Renda de cortador de cana cai 30%

Os cortadores de cana estão ganhando 30% a menos nos salários por causa da suspensão da queima de cana. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ribeirão Preto, Silvio Pavelqueres. “O clima está prejudicando o trabalhador, que perde na produtividade. A cana crua é difícil de ser cortada e levanta muita poeira.”, garante.

Os cortadores da base do sindicato de Ribeirão Preto recebem R$ 2,80 pela tonelada da cana queimada e R$ 5,60 pela cana crua.

O sindicalista João Pereira da Silva, de Batatais, diz que é mais difícil cortar cana crua, mas salienta que os trabalhadores precisam se acostumar com a situação. “A queimada uma hora vai acabar e é melhor a gente se preparar para isto”, comenta Silva.

Já o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pitangueiras, Orlando da Silva, diz que poucos trabalhadores têm cortado cana crua.

“O pessoal sempre dá um jeito de queimar. Cortar cana crua é perigoso. Tem cobra, escorpião e muita aranha, mas o sofrimento do cortador de cana é o mesmo.Tanto faz ela queimada como crua. O prejudicado é sempre quem vai para a roça”, desabafa.

Suspensão

A queima da palha de cana-de-açúcar está suspensa desde o dia 8 de agosto por causa da baixa umidade relativa do ar na região de Ribeirão Preto.

O presidente da Cetesb, Otavio Okano, diz que não tem recebido reclamações da suspensão da queimada na região. “Damos prazo de 16 horas para o pessoal se programar. As pessoas precisam se acostumar a cortar a cana crua porque esta é uma tendência do futuro”, diz Okano.

CLIMA

Muita água para suportar o calor do dia-a-dia

A rotina do trabalhador envolvido com o processo de plantio, queima e transporte da cana-de-açúcar é árdua.

Todos acordam cedo e ficam pelo menos até às 16 horas sob sol forte. Para evitar que o sol queime muito a pele é preciso usar calça e camisa de mangas compridas e chapéu com um lenço por baixo para evitar que orelhas e pescoço sejam atingidos pelos raios solares.

Esta é a vestimenta de Derli de Jesus, 76 anos, há mais de 60 anos na lavoura. Ele já trabalhou no corte de cana e hoje limpa as ruas do canavial. “Está difícil trabalhar por causa do calor. Tomo quase 10 litros de água por dia. Mas a gente se acostuma com o serviço braçal. É mais duro para quem corta a cana crua. Trabalham muito e o serviço não rende. Com isto eles ganham menos”, afirma. O trabalhador Nilson Lima contabiliza na carteira profissional 37 safras. Diz que já fez de tudo no canavial e que nunca viu um clima tão ruim.

“Para agüentar temos que comer bem e tomar cuidado para não deixar a comida azedar com este calor. O segredo é fazer antes de vir para o trabalho e colocar quentinha na marmita. Deu 11 horas tem que comer. Se passar deste horário estraga tudo”, comenta.

O calor atrapalha a vida de todos os trabalhadores do campo. João Xavier da Silva classifica o clima atual como “terrível”. “A chuva tem que vir logo”, afirma.

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