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Relação com os EUA está se aprofundando, rebate Patriota

O novo embaixador do Brasil em Washington, Antonio de Aguiar Patriota, respondeu ontem às críticas do seu antecessor, o embaixador Roberto Abdenur, dizendo que as relações entre o Brasil e os Estados Unidos estão se aprofundando, graças a iniciativas conjuntas como a que deve ser lançada nas próximas semanas para promover o uso de combustíveis alternativos.

“Atravessamos uma fase de amadurecimento da relação”, disse Patriota, que chegou aos EUA há uma semana e apresentou ontem suas credenciais ao presidente americano, George Bush. “Temos com os Estados Unidos um relacionamento que se estreita e ganha intensidade.”

Bush se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva duas vezes em março. Ele desembarcará em São Paulo na quinta-feira da próxima semana e se reunirá com Lula no dia seguinte, na primeira escala de uma viagem que incluirá outros quatro países da região. No fim do mês, Lula passará um fim de semana com Bush na casa de campo do presidente dos EUA.

Os dois deverão assinar na semana que vem um memorando estabelecendo as bases para a cooperação entre os dois países na área de biocombustíveis. Os dois governos pretendem colaborar na pesquisa de novas tecnologias e na ampliação do consumo mundial de combustíveis como o etanol. Brasil e EUA controlam hoje mais de dois terços da produção mundial de etanol.

Bush acha que a parceria ajudará os EUA a recuperar sua influência na América Latina, isolando líderes radicais como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Lula prefere tratar Chávez como aliado, apesar das pressões que sofre para se afastar dele. Para Patriota, a recente ampliação do Mercosul, com a entrada da Venezuela e da Bolívia, é “um fator de fortalecimento da democracia” na região.

O novo embaixador disse que Lula e Bush também irão conversar sobre a “intensificação do relacionamento econômico e comercial” entre os dois países, mas indicou que não existe espaço para nada ambicioso nesse campo enquanto as discussões da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial continuarem empacadas.

A cooperação para promover o etanol é a primeira iniciativa conjunta relevante dos dois países desde que as negociações da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) foram abandonadas, no início do governo Lula. O Brasil chegou a propor um acordo comercial mais limitado, entre o Mercosul e os EUA, mas a conversa nunca foi muito longe.

Na rápida conversa que teve ontem com Bush, num encontro em que outros 11 embaixadores também se apresentaram ao presidente americano, Patriota disse ter observado que este ano será “crítico” para o avanço da Rodada Doha. “Este ano não”, respondeu Bush, segundo o embaixador. “O momento é agora.”

A autorização legislativa especial que dá a Bush poderes para negociar acordos comerciais expira no fim de junho e dificilmente será renovada pelo Congresso americano se não houver avanços significativos nas discussões da Rodada Doha e concessões do governo ao Partido Democrata, que se opõe à agenda de Bush na área comercial e tem a maioria no Congresso.

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