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Rei do Marrocos vai assinar acordo com o Mercosul

O Marrocos quer mostrar à América Latina que tem mais a oferecer do que belos cenários para filmes como “Casablanca” e “O Céu que nos protege”. Em sua primeira visita ao continente, o rei Mohamed VI, que chegou ontem ao Brasil, pretende apresentar o país como local de boas oportunidades de negócios. Seu principal ato em solo brasileiro será a assinatura de um acordo-quadro com o Mercosul, que dará início às negociações para um tratado de preferências tarifárias entre o bloco sul-americano e o país árabe. Mohamed vai encontrar-se hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, depois do Brasil, ainda vai visitar o Peru, Chile e Argentina.

A viagem faz parte da política marroquina de desenvolver sua “vertente atlântica”, conforme disse ontem o embaixador do Brasil em Rabat, capital do Marrocos, Carlos Alberto Simas Magalhães. Há um grande interesse do país africano em aprofundar suas relações com as nações localizadas do outro lado do Oceano Atlântico. O diretor do Departamento da África do Itamaraty, embaixador Pedro Motta, lembrou que o Marrocos tem tido um papel ativo na preparação da cúpula dos chefes de estado árabes e sul-americanos, que vai ocorrer em maio de 2005, em Brasília.

Em março será realizada em Marrakech, a última reunião de chanceleres dos países envolvidos antes da cúpula, e o assunto também deverá ser tratado por Lula e o rei. O Itamaraty acredita que a partir da assinatura do acordo-quadro com o Mercosul, amanhã, já poderá ser criado um comitê de negociação entre as partes para que, ainda em 2005, se possa ter definida uma lista de produtos com preferência tarifária. Além disso, Lula e o rei marroquino vão assinar um acordo de cooperação no setor de turismo e outro entre as academias diplomáticas dos dois países.

O Brasil e o Marrocos já têm em andamento uma agenda de cooperação técnica nas áreas de agricultura, gestão de recursos hídricos, habitação popular e treinamento profissional. Outras parcerias também podem ser formadas, já que Mohamed viaja acompanhado de vários ministros, entre eles o das Relações Exteriores, Agricultura, Turismo, Indústria e Comércio e Educação.

A balança comercial entre o Brasil e o Marrocos é relativamente equilibrada e chega a quase US$ 500 milhões. Entre janeiro e outubro de 2004, o Brasil exportou para o país árabe o equivalente a US$ 279 milhões, contra US$ 181 milhões no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 54%. Os principais itens embarcados foram açúcar, trigo, soja, automóveis, tratores rodoviários e madeira. O Marrocos vendeu para o Brasil o equivalente a US$ 218 milhões nos 10 primeiros meses do ano, contra US$ 169 milhões no mesmo período de 2003, um crescimento de 29%.

Os principais produtos importados foram fertilizantes, transistores, sardinhas, óleos lubrificantes, circuitos integrados e azeite de oliva. Para aumentar ainda mais os negócios, a Câmara de Comércio Árabe Brasil (CCAB) e a embaixada do Marrocos promovem amanhã, em São Paulo, uma rodada de negócios entre empresários dos dois países. De acordo com a CCAB, estarão no evento marroquinos interessados em exportar sardinhas em lata e natural, componentes eletrônicos, framboesas, alcaparras, alcachofras, fertilizantes, matérias-primas para cosméticos e roupas femininas.

Virão também importadores interessados em comprar açúcar, café, soja, doces (compotas, chocolate, mel), autopeças para carros franceses e italianos, fios e tecidos de algodão e poliéster, madeira, óleos vegetais e softwares para uso no comércio e na indústria. De acordo com o Itamaraty, os empresários brasileiros também podem beneficiar-se da aproximação com o Marrocos para atingir terceiros mercados, entre os quais Tunísia, Egito e Argélia.

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