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Redução da oferta para produção de açúcar fez o Proálcool fracassar

O preço foi um dos gargalos de outra grande expansão que ocorreu no setor sucroalcooleiro, provocada pelo Proálcool, um programa lançado pelo governo federal, em 1975, e que pretendia ampliar o consumo do álcool e reduzir a quantidade de gasolina comprada no País. O Proálcool surgiu como uma resposta a outra grande alta do petróleo, que ocorreu em 1973.

Com o Proálcool, os veículos a álcool predominaram no mercado entre 1983 e 1989. Neste período, os veículos que usavam o combustível limpo chegaram a variar entre 90% e 95% da frota de carros leves, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A expansão que ocorreu na época do Proálcool foi subsidiada pelo governo federal, que estimulou a produção de cana-de-açúcar em locais nos quais a planta não era competitiva. Na época, o mercado de açúcar e álcool era todo regulado pelo governo via o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA).

O desabastecimento do Proálcool ocorreu em 1989, porque os usineiros resolveram fabricar mais açúcar, que estava com o preço maior do que o do álcool. Isso provocou a falta do combustível e a alta do preço. Assim, os consumidores não quiseram mais comprar carro a álcool.

O atual ciclo da cana-de-açúcar tem como mola propulsora os investimentos da iniciativa privada, que foram estimulados pela competitividade do negócio.

“Se o Proálcool tivesse sido feito nos Estados Unidos ou na Europa, hoje o mundo inteiro já usaria o álcool como substituto da gasolina”, comenta um executivo do setor, que prefere não se identificar. “Uma parte do atual interesse pelo programa de álcool brasileiro está ocorrendo porque os Estados Unidos copiaram o programa brasileiro”, comenta um dos maiores usineiros do País, o presidente da Usina Moema, o empresário Maurílio Biagi Filho.

Muitos produtores alegam que uma das formas de evitar o desabastecimento seria o governo federal fazer um estoque estratégico do combustível. Desse modo, o próprio governo poderia vender o álcool para forçar a baixa do preço, quando ele estivesse em alta. A China, um dos maiores consumidores de açúcar do mundo, já faz isso. Quando o preço do açúcar está muito alto, o país vende parte do seu estoque e contribui para baixar o preço desta commodity no mundo.

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