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Redução da moagem e queda no ATR preocupam neste início de safra

Segundo especialista é preciso acompanhar os próximos números para avaliar o impacto na oferta de açúcar e etanol ao final do ciclo

Até o dia 01 de julho de 2022, a moagem acumulada de cana-de-açúcar da safra 2022/23 na região Centro-Sul havia alcançado 187,61 milhões de t, valor 11,68% inferior àquele constatado no mesmo período do ciclo passado, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA).

253 unidades se encontravam em atividade até então, 6 a menos que no ciclo 2021/22, mas outras duas plantas devem iniciar a moagem na segunda quinzena do mês.

Com relação à qualidade da matéria-prima colhida, o teor acumulado de ATR apresentou retração de 4,35% no comparativo com o ciclo passado, alcançando o valor de 127,28 kg/t.

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Já no monitoramento da produtividade dos canaviais, divulgado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) de forma preliminar, constatou-se um aumento de 1,1% no rendimento agrícola no mês de junho, atingindo 77,4 t por hectare, contra 62,4 t por hectare do mesmo mês de 2021.

No açúcar, na segunda quinzena de junho, a produção de açúcar na região Centro-Sul brasileira apresentou retração de 14,98% em comparação ao mesmo período da safra anterior, somando 2,49 milhões de t, de acordo com a UNICA.

Por sua vez, no acumulado desde o início do ciclo até 01 de julho, o volume de adoçante alcançou 9,68 milhões de t, refletindo uma redução de 21,58% no período.

No etanol, considerando a segunda quinzena de junho, foram produzidos 1,16 bilhão de litros de etanol na região Centro-Sul, o que equivale a uma queda de 6,63% frente à mesma quinzena de 2021; já para o anidro a produção foi de 859,86 milhões de litros (0,06%) – dados divulgados pelo boletim quinzenal da UNICA.

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No acumulado desde o início da safra, já foram produzidos 9,02 bilhões de litros de etanol (- 7,17%), sendo 5,80 bilhões do tipo hidratado (- 7,86%) e 3,22 bilhões do tipo anidro (- 5,89%). Ainda, do total produzido até agora, 961,76 milhões de litros (33,27%) foram provenientes do milho.

Para o professor e especialista em planejamento estratégico do agronegócio, Marcos Fava Neves, o impacto na oferta de açúcar e etanol vai depender da evolução da moagem.

“No acumulado da safra 2022/23, 187,6 milhões de t de cana foram processadas, 11,7% a menos que o mesmo período do ciclo passado. Ao passo em que concluímos o terceiro mês da safra atual, é essencial seguir acompanhando como esta lentidão poderá impactar na oferta de açúcar, etanol (e outros subprodutos) ao final do ciclo”, disse.

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Marcos Fava Neves

De acordo com Neves, além da moagem, a qualidade da matéria-prima (teor de ATR) também segue preocupando. Na 2ª quinzena de julho registrou nova queda de 3,3%, e acumula baixa de 4,5% em 2022/23, com média de 127,28 kg de ATR/kg. “Vamos torcer para melhoria da qualidade no próximo mês”.

O professor lembra que o setor deve estar atento aos desdobramentos da crise de combustíveis no Brasil; as possibilidades de subsídios e recursos financeiros para frear os preços; o tempo que irá durar a redução no ICMS, já em vigor; e outras políticas ou ações também em nível internacional, como a compra, pelo Brasil, de diesel da Rússia.

E também seguir acompanhando o desempenho nas vendas do etanol no mercado interno. Em junho, ao contrário da expectativa do mercado, nova queda foi registrada (foram 2,5 bilhões de litros vendidos, 1% a menos que junho/21). No acumulado da safra 2022/23, seguimos com vendas inferiores, em 1,9% (7 bilhões de litros).

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“Por outro lado, os preços do etanol seguem caindo: o Indicador Cepea/Esalq SP estava em R$ 3,08/l em 10/06 e foi para R$ 2,90/l em 08/07 (5,8% a menos). Vamos seguir acompanhando se a baixa reflete em maior consumo no próximo mês. Observar os impactos das reduções de ICMS sobre o etanol em importantes estados consumidores”, afirma.

“Por fim, acompanhar a oferta de açúcar no Brasil (já sendo revista em algumas projeções); a logística do adoçante na Índia, que está sendo prejudicada graças às chuvas de monção no País; e as oscilações do câmbio impactando nas negociações do açúcar”, explicou o professor.

 

 

 

 

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