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Redes varejistas renegociam contratos com fornecedores

Final de ano é época de renegociação de contratos entre as grandes redes de varejo e seus fornecedores – não só para rever preços, mas especialmente estratégias para 2007. Para a rede Wal-Mart, o apelo da sustentabilidade e da refeição saudável, livre de agrotóxicos, pode fazer dos produtos orgânicos a melhor alavanca na venda de alimentos. A varejista pretende quadruplicar o número de itens da categoria, passando de 150 para 600 até junho do próximo ano.

Na última terça-feira, a direção comercial fez a primeira reunião específica para o segmento, com 40 fornecedores de orgânicos e dez fornecedores de embalagens. “Identificamos essas duas áreas como oportunidade de fazer uma diferença maior para o consumidor”, diz Wilson Melo Neto, vice-presidente de assuntos corporativos do Wal-Mart.

A intenção é estender a oferta de orgânicos além da seção de frutas, legumes e verduras (FLV), chegando aos produtos de mercearia. Uma das produtoras é a Native, sediada em Sertãozinho (SP), que já leva seu açúcar orgânico a 59 países e entrou no mercado de café, achocolatado e suco de laranja orgânicos. Já a Korin, que fornece frango orgânico, passa a entregar também salsicha orgânica.

“O cliente busca produtos sustentáveis e queremos sair do convencional com preços justos”, diz Neto. “Por isso está aberta a temporada de busca para fornecimento nesta categoria, sejam produtores do Recife ou Goiás.” A rede registrou crescimento de 25% na venda de orgânicos somente em hortifruti. A meta é repetir a mesma taxa em 2007, com a ampliação da categoria.

Além de ampliar a oferta, o Wal-Mart quer reduzir o custo da cesta de orgânicos em 20%, através do aumento de volume e de fornecedores. A rede vai oferecer seu próprio sistema de logística para driblar a dificuldade de encontrar parceiros que tenham porte para atendê-la. “Quem não tem capacidade de distribuição poderá utilizar a nossa, através do CD em Barueri.” Quanto a embalagens, a companhia iniciou a substituição de sacolas plásticas por biodegradáveis.

No grupo Pão de Açúcar, a negociação anual mais forte é para produtos de FLV. “As realizações e expectativas são discutidas com 400 fornecedores no mês de junho, final de ano agrícola”, explica Leonardo Miyao, diretor comercial de FLV.

Nos últimos cinco anos, a participação de importados vem crescendo cerca de 20% ao ano na categoria, especialmente em frutas. “Já o aumento de orgânicos é limitado pela falta de certificação dos fornecedores.” As demais categorias de produtos têm negociações ao longo ano.

Carrefour

O grupo Carrefour programou sua rodada anual de reuniões com fornecedores de não-alimentos para a última semana de novembro. A “top to top”, como denomina o grupo, é feita com 18 fornecedores, entre eles Tramontina, Shell, Philips, Semp Toshiba, Eletrolux, que representam mais de 50% das compras da rede na categoria.

“Verificamos se há produtos de importação que vão entrar no varejo e quebrar a realidade da categoria ou se algum fornecedor gerou problemas de abastecimento sem ter nos prevenido”, exemplifica Eric Garcia, diretor de mercadoria não-alimentar.

Na seção de eletrônicos, apesar de a indústria estar revendo o crescimento de vendas para baixo este ano, com ajuste de preços depois da Copa, Garcia acredita que o impacto será pequeno no varejo. “Pode desacelerar um pouco pelo simples efeito de que não teremos mais um Copa do Mundo e o nível dos equipamentos é alto hoje, ninguém troca de TV todo ano.” Por outro lado, continuam com força equipamentos de informática, câmeras digitais e telefones celulares.

A política de pagamento, diz Garcia, é mais simples em não-alimentares do que em perecíveis. “O pagamento a fornecedores da cadeia não-alimentar acontece em 40 dias após a entrega.” Em 2007, o Banco Carrefour começa a financiar fornecedores, fazendo antecipação de recebíveis para que recebam antes o pagamento pela venda das mercadorias. “Já existe uma boa demanda para este serviço”.

kicker: Wal-Mart amplia linha de orgânicos e busca novos produtores; Carrefour financia fornecedores de não-alimentos

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