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Recorde das exportações não evita pior desempenho do PIB

Os indicadores das exportações do agronegócio brasileiro em 2005, apesar de positivos, não conseguem esconder que a crise ainda continua forte no setor. O saldo da balança do agronegócio registra superávit entre janeiro e outubro, de US$ 32,02 bilhões, resultado 10,3% superior aos US$ 29,03 bilhões de igual período de 2004. Ao mesmo tempo em que a balança comercial apresenta um novo recorde, com exportações de US$ 36,2 bilhões nos primeiros dez meses deste ano – superior aos US$ 33 bilhões do mesmo período do ano passado -, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deverá ter o pior desempenho desde 1995. Segundo estudos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), com os resultados acumulados até agosto, é possível projetar um PIB de R$ 520,59 bilhões, abaixo dos R$ 533,98 bilhões do ano passado.

“É o pior desempenho desde a primeira estimativa realizada pela CNA e Cepea, em 1995”, observa o chefe do Departamento Econômico (Decon) da CNA, Getúlio Pernambuco. Segundo ele, o resultado reflete a quebra de safra este ano, com a perda de 20 milhões de toneladas de grãos. A previsão para 2004/05 era que o País conseguiria produzir aproximadamente 132 milhões de toneladas de grãos. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção atingiu, no entanto, somente 113,5 milhões de toneladas. A queda dos preços internacionais, por causa da supersafra mundial, e a valorização do real perante o dólar também contribuíram para reduzir a competitividade do produto nacional e, por conseqüência, o faturamento dos produtores.

A pecuária registra também queda de renda, com PIB estimado em R$ 64,47 bilhões, inferior aos R$ 65,22 de 2004. Pernambuco explica que os bons resultados das exportações de carnes, que apresentaram aumentos de valores negociados e de volumes remetidos, não foram repassados aos criadores de carne. “O surgimento de casos de febre aftosa tendem a piorar a situação, aumentando a oferta de carne no mercado interno e deprimindo preços”, afirma. O estudo, que avalia o faturamento dos 25 principais produtos agropecuários, por meio do cálculo do Valor Bruto de Produção (VBP), também comprova a crise do setor rural. A estimativa da CNA é que o VBP da produção agropecuária brasileira será de R$ 167,9 bilhões este ano, 11,2% abaixo dos R$ 188,9 bilhões do ano passado.

Até mesmo o crescimento das exportações não consegue esconder as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio brasileiro. O aumento de 9,6%, apesar de bater novo recorde, é inferior ao crescimento de 29,5% registrado nos primeiros dez meses de 2004 em relação ao mesmo período de 2003. As exportações, de janeiro a outubro do ano passado, alcançaram US$ 33 bilhões, bastante superior aos US$ 25,5 bilhões de 2003. “As vendas do agronegócio ao mercado internacional cresceram em 2005, mas sem o vigor registrado em anos anteriores. Isso mostra a perda de dinamismo no ritmo de exportações do setor”, avalia o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo.

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