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Raízen busca produzir etanol celulósico com custo do convencional

Maior produtora de açúcar e etanol do país, a Raízen Energia começou ontem oficialmente a construção de sua primeira planta de etanol de segunda geração em escala comercial. A unidade, que será construída em Piracicaba (SP), vai converter a celulose do bagaço da cana em açúcares para fabricar etanol. O desafio do projeto, que terá investimentos de R$ 230 milhões, é conseguir, em dois anos, igualar o custo do produto de segunda geração ao registrado na produção convencional do biocombustível.

O custo total do etanol celulósico obtido na escala de demonstração foi de R$ 1,50 por litro, segundo o vice-presidente da Raízen Energia, Pedro Mizutani. A meta da companhia, controlada pela Cosan e pela Shell, é reduzir esse valor para o patamar médio de R$ 1,10 por litro, que é o custo total do etanol convencional, ou de primeira geração, afirmou o executivo ao Valor.

Se o objetivo for alcançado, o que depende de ajustes tecnológicos já em andamento, segundo ele, – a companhia vai expandir os investimentos nessa área. O plano é implantar outras sete unidades de etanol celulósico até 2024, o que vai significar à companhia uma produção adicional de etanol de 1 bilhão de litros – nesta safra 2013/14, a produção total de etanol da Raízen deve ser de 2,3 bilhões de litros.

O modelo adotado em outras sete unidades deve ser semelhante ao dessa primeira planta: a unidade será erguida ao lado de uma usina convencional já existente – no caso, a Usina Costa Pinto, em Piracicaba. Com isso, a companhia pretende capturar sinergias operacionais. “O que vamos construir, basicamente, é o pré-tratamento da celulose [extração de açúcares]. Daí em diante, os equipamentos usados serão os mesmos da usina convencional”, afirma.

O diferencial de integrar as duas tecnologias, explica o executivo, está na possibilidade de aumentar a produção de etanol sem ter de aumentar a área de cana-de-açúcar. “Não precisaremos investir em ampliação de plantio de cana, conseguiremos racionalizar o uso da terra”, diz.

A usina Costa Pinto produz atualmente em torno de 220 milhões de litros de etanol. Com a unidade de segunda geração, esse volume vai aumentar 40 milhões, para 260 milhões de litros. Mizutani observa que na próxima safra, 2014/15, a produção adicional da Costa Pinto será de 20 milhões de litros, uma vez que a operação da nova planta somente se dará a partir de outubro do ano que vem. Em 2015/16, no entanto, toda a capacidade da unidade deve ser utilizada, segundo o executivo.

Do investimento total de R$ 230 milhões nessa unidade, R$ 207 milhões virão de financiamento de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pertencentes ao PAISS, um plano conjunto com a Finep de apoio à inovação tecnológica a partir da cana-de-açúcar.

Em parceria com a empresa canadense Iogen Corporation, a Raízen mantém desde 2012 uma planta-teste de etanol celulósico na cidade de Ottawa, no Canadá. Até o momento, a companhia já enviou mais de mil toneladas de bagaço de cana para o Canadá. “A tecnologia de produção de etanol celulósico é conhecida, em nível de laboratório, há mais de 20 anos. O desafio será trazê-la com sucesso para um ambiente de escala comercial”, afirma Mizutani.

O fornecimento de enzimas – substância usadas para “quebrar” a celulose do bagaço – será feito com exclusividade pela dinamarquesa Novozymes, que prevê inclusive a construção de uma fábrica no Brasil para atender clientes de peso como a Raízen e a GranBio, que no próximo ano também deve colocar em operação uma planta de etanol celulósico.

A Raízen tem 24 usinas de cana no país e, em 2013/14, deve processar, diz Mizutani, cerca de 62 milhões de toneladas de cana, perto do limite máximo do guidance dado pela Cosan para a temporada – entre 59 milhões e 62 milhões de toneladas.

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