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Rabobank prevê safra de cana maior no Brasil

Em sua primeira previsão para a produção brasileira de cana-de-açúcar na próxima safra (2012/13), o banco holandês Rabobank, com grande participação no agronegócio, sinalizou que haverá crescimento, ainda que modesto. Com a expectativa de uma produtividade maior nos canaviais do Centro-Sul, a instituição estima que o país vai moer no ano que vem 588 milhões de toneladas, 5,7% mais que na atual temporada (556 milhões).

O volume não trará mudanças significativas no cenário já apertado para etanol, diz o principal executivo de agronegócios do Rabobank no Brasil, Andy Duff. E, por causa da demanda reprimida da crescente frota de veículos flex, o etanol será em 2012 um “árbitro” dos preços internacionais do açúcar, segundo ele.

“Uma produção maior de etan ol no Brasil em 2012 pode significar tirar da mesa 2,5 milhões de toneladas de açúcar. Assim, o biocombustível oferecerá resistência contra quedas elevadas no preço do açúcar na safra 2012/13”, diz Duff.

No número para o Brasil, o que muda é o tamanho da safra no Centro-Sul, que representa 90% da matéria-prima produzida no país. Em sua estimativa, preliminar, o Rabobank aposta em uma safra de 522 milhões de toneladas de cana na região, ante as 490 milhões projetadas para a temporada atual.

Para a produção de açúcar no Centro-Sul, a instituição traçou dois cenários. O otimista (limite de alta) é um número próximo de 33 milhões de toneladas, e o pessimista (limite de baixa), de 28 milhões de toneladas.

Para o executivo, o rumo da produção mundial e, consequentemente, das cotações da commodity, vai ditar a direção aqui no Brasil. O dólar, cuja tendência prevista pelo banco é de desvalorização, também exercerá influência no mix brasileiro.

A previsão do banc o para a oferta global de açúcar em 2011/12 (safra que começou em 1º de outubro) é de crescimento de 5%, para 174 milhões de toneladas. O excedente ficará entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas – mas, de acordo com Duff, “ainda ficará longe de trazer a relação de estoque e consumo aos níveis históricos.

O superávit mundial, o primeiro após duas safras de déficit, será puxado principalmente por crescimento de produção na Índia, na Tailândia, na Rússia e na União Europeia. Duff pondera, no entanto, que o cenário para a safra mundial está mais claro por volta de março e abril do ano que vem. “É quando o açúcar estará disponível, na saca”, afirma.

Isso porque, apesar das perspectivas altistas para a produção desses países, ainda há várias indefinições no caminho. Na Índia, por exemplo, tudo indica uma safra grande, mas uma quebra de braço entre produtores e usinas pelo preço da cana pode limitar o crescimento da moagem. “A oferta de açúcar será maior no país, o que deve pressionar os preços. Se os custos de aquisição da cana subirem, as margens ficam muito apertadas”, explica Duff.

Na temporada 2010/11, as usinas da região de Uttar Pradesh, uma das mais importantes da Índia, pagaram 2.050 rúpias indianas (US$ 41,40) por tonelada de cana, e para a safra 2011/12 os produtores pressionam por um valor até 40% maior. O Rabobank estima que esse valor ficará próximo de 2.350 rúpias (US$ 47,46).

Com estoques de açúcar 80% menores do que na safra 2007/08, a China deve importar nesta temporada em torno de 2,5 milhões de toneladas da commodity, prevê o Rabobank. A área plantada chinesa, formada por 90% de canaviais e 10% por plantação de beterraba, deve ter leve crescimento de 3% na comparação com 2010/11.

No entanto, o maior impacto da China no mercado açucareiro pode estar por vir. Duff explica que o país está construindo de quatro a cinco refinarias de açúcar no litoral – o que, para ele, é um sinal de que os chineses sabem que buscar a autossuficiência em açúcar está fora de cogitação. “Eles sabem que terão de ser grandes importadores”, diz Duff.

Com clima favorável em suas plantações de beterraba, a União Europeia deve exportar 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2011/12. Já com incertezas diante do clima, a Rússia entra nessa temporada com potencial de produzir uma grande safra de 4,5 milhões de toneladas de açúcar branco, mas que só se concretiza com um clima “perfeito”, diz Duff. “Se houver chuvas ou geadas agora no início de novembro pode haver antecipação do início da safra. Fortes degelos de dezembro a março podem também inviabilizar o processamento”, avisa Duff.

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