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Rabobank prevê moagem menor para a safra 2022/23

A queda de 15% na safra 2021/22 da região centro-sul terá impactos na próxima temporada

Rabobank prevê moagem menor para a safra 2022/23

O Rabobank estima que a safra 2021/22 de cana finalize com produção entre 515 e 525 milhões de toneladas. A queda de 15% diante da produção da temporada 2019/20 é efeito dos impactos dos fatores climáticos  ao longo de 2021, fatos que prejudicaram a produtividade dos canaviais.

No campo, a herança deixada por 2021 será um canavial afetado por geadas e incêndios, além de ter o seu desenvolvimento atrasado pela seca. “Surgiram vários quebra-cabeças em relação ao plantio – uma parte do plantio planejado para ocorrer durante a safra não aconteceu devido à seca, enquanto talhões onde danos expressivos foram causados por geada e/ou incêndio, o recomendado seria reformá-las”.

Segundo o banco holandês, esses fatores sugerem que a taxa de plantio durante a entressafra deveria ser alta, mas isso exige muitas mudas e, quanto mais se planta cana de 18 meses, menor a área a ser colhida na próxima safra. Lembrando que se trata de uma safra onde os preços prometem continuar em patamares altos.

No campo, a expectativa preliminar para 2022/23 é que condições climáticas dentro da normalidade ajudem os canaviais a recuperar parte da produtividade perdida em 2021/22. Assim, a projeção é que a moagem fique entre 530 – 550 milhões de toneladas.

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Caso o clima na entressafra não voltar para normalidade e continuar abaixo do ideal, a moagem em 2022/23 no centro-sul ficaria igual ou até um pouco menor que a projetada para 2021/22.

Apesar disso, o banco avalia que as perspectivas para os preços na safra 2022/23 são positivas. “Projetamos o preço internacional de petróleo firme, ao redor de USD 80/barril (Brent) ao longo de 2022. Isso, em combinação com a projeção da taxa de câmbio do Rabobank deveria manter o preço da gasolina na bomba em níveis elevados (R$ 6 ou mais por litro base SP), considerando não haver mudanças significativas na política de preços da Petrobras ou nos impostos sobre combustíveis.

Enquanto isso, o aperto na oferta doméstica de etanol deve continuar. A projeção do banco é que a produção de etanol de cana em 2021/22 e 2022/23 fique entre 23,9 e 24,1 bilhões de litros, respectivamente, com etanol de milho acrescentando 3,4 a 3,8 bilhões de litros. A combinação de um preço elevado da gasolina com uma oferta restrita de etanol, leva a uma previsão preliminar do Rabobank de que o preço ESALQ de hidratado (excluindo imposto) fique em média entre R$3,40 – R$3,80 por litro em 2022/23.

No caso de açúcar, a queda esperada na produção brasileira em 2021 aponta que o mercado precisará contar com exportações indianas no primeiro semestre de 2022. Dados os sinais de que o governo indiano não deverá disponibilizar subsídios para as exportações, calcula-se que o preço em Nova Iorque teria que ficar em torno de 19-20 USc/lp ou mais, para incentivar as exportações.

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Olhando para o segundo semestre de 2022, é claro que as perspectivas para a safra 2022/23 no centro-sul do Brasil terão uma grande influência. Com a premissa de que haverá apenas uma recuperação leve na moagem e considerando as projeções dos preços dos combustíveis (já mencionados), o preço Nova Iorque teria que continuar ao redor de 18 USc/lp, ou acima disso, para manter tanto um mix altamente açucareiro no Brasil (produção de açúcar no centro-sul em 2022/23 de 33,3 milhões de toneladas) e um fluxo de exportações da Índia.

As perspectivas para os preços prometem sustentar a receita das usinas e dos fornecedores – as projeções mencionadas anteriormente, implicam um preço Consecana (SP) em torno de R$1,15 por quilo de ATR. Um aumento da produtividade no campo em 2022/23 ajudaria a suavizar o disparo nos custos, mas, a manutenção de custos elevados para os insumos é quase uma certeza para a nova safra.