[Atualizado às 09h01 de 21/02]
A adição de composto e bactérias amplia o cultivo de cana-de-açúcar em 20 toneladas por hectare.
É o que destaca pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba (SP), tradicional município canavieiro.
Segundo a instituição, a união dessas técnicas [composto e bactérias] é considerada uma estratégia ecologicamente sustentável.
Isso porque com o uso dos microrganismos e da compostagem consegue-se ganhos biológicos abaixo do solo.
Outro ganho é a diminuição do uso de fertilizante fosfatado, representando ganho econômico, destaca conteúdo do Jornal da USP.
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Os manejos biológicos e orgânicos em cana-de-açúcar integram a programação da segunda edição do CANABIO, nos dias 24 e 25 de junho em Ribeirão Preto.
“A fonte da maior parte dos fertilizantes fosfatados é de origem não renovável, ou seja, pode acabar”, descreve Antonio Marcos Miranda Silva, integrante do projeto.
“Então, nossa estratégia foi usar bactérias capazes de disponibilizar o fósforo e uma fonte de energia (o composto) para estimular a microbiota presente no solo e assim diminuirmos o uso de insumos fosfatados sintéticos.”
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Cultivo de cana: ganho em condições de campo
Conforme o pesquisador, apenas com o uso do composto, sem a adição de bactérias, foi possível aumentar a produtividade em condições de campo.
“Com o fertilizante fosfatado, rotineiramente utilizado (superfosfato triplo), obtivemos 145 toneladas por hectare de cana-de-açúcar”, conta Miranda Silva.
“Adicionando somente o composto, a produtividade foi para 155 toneladas por hectare, ou seja, ganhamos 10.”
E segue: “quando adicionamos composto e bactérias, a produtividade saltou para 165 toneladas por hectare, no primeiro ano de cultivo.”
Etapas
A pesquisa seguiu por etapas como isolar bactérias da rizosfera da cana-de-açúcar, região de solo que circunda a raiz da planta.
Outra etapa: montar o experimento em casa de vegetação e inocular as bactérias e o composto já obtido da compostagem.
Com os bons resultados em condições controladas, os pesquisadores realizaram o experimento em campo e observaram o aumento de produtividade.
Miranda Silva destaca que, durante o processo de obtenção do açúcar, gera-se naturalmente resíduos chamados de torta de filtro e cinzas de caldeira.
Esses já são utilizados como forma de matéria orgânica nos cultivos de cana-de-açúcar.
“Ao contrário do que é tradicionalmente feito, os subprodutos foram submetidos a um processo de compostagem e monitorados, periodicamente, por German Estrada-Bonilla em sua tese de doutorado”, diz.
“A compostagem é uma técnica milenar e torna os nutrientes mais disponíveis, tanto para os microrganismos quanto para as plantas.”
“Deixamos de aplicar um fertilizante que é não renovável e adotamos uma estratégia ecológica, que é a inoculação de bactérias junto com seu alimento”, comenta.
“As bactérias já temos no solo e o alimento já é gerado durante o processo de industrialização da cana, ou seja, temos um viés totalmente sustentável e que pode ser aplicado em condições reais”, comemora o pesquisador.
Pesquisadores envolvidos
Este estudo foi desenvolvido com a orientação da professora Elke Cardoso, do Departamento de Ciência do Solo.
Também fizeram parte da pesquisa os professores Godofredo Cesar Vitti e Rafael Otto, além dos pesquisadores Germán Estrada-Bonilla e Cintia Masuco Lopes.
O projeto foi financiando pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Divulgação
O estudo foi submetido em revistas científicas de elevado fator de impacto e também divulgado em vídeo no canal Agro Eco Ciência no YouTube.
Essa mídia publica produções sobre pesquisas em agroecologia.
Confira: