Jacyr Costa Filho, diretor Região Brasil da companhia sucroenergética Tereos, estima que a queda na produção de açúcar neste ano deverá superar 5 milhões de toneladas.
A menor produção, segundo ele, reflete a tendência já comprovada de queda nos preços internacionais de açúcar. “Com a baixa de preços vista nesse ano haverá maior direcionamento da cana para produzir etanol”, disse Costa Filho durante participação em conferência no Sugar & Ethanol Brazil, evento promovido pela F. O. Licht em São Paulo.
O executivo da Tereos disse também que o Brasil deverá perder participação no mercado mundial de açúcar.
Com a esperada implantação do programa RenovaBio, Costa Filho informou que crescerá a demanda por biocombustíveis como o etanol.
Ele apresentou estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, no qual há projeção de que a oferta de cana de açúcar no Brasil saltará de 636 milhões de toneladas em 2017 para 800 milhões de toneladas em 2030. A maioria dessa cana deverá ser transformada em etanol.
“O objetivo principal do RenovaBio é fazer o Brasil reduzir as emissões como comprometido no Acordo de Paris”, ressaltou o executivo.
Segundo ele, o Brasil já é mais limpo no ‘ranking’ de emissões de poluentes em transportes. Em termos mundiais, a eletricidade responde por 49% das emissões mundiais de CO2 por usar muito o carvão (representa 73% do total da eletricidade mundial).
“No Brasil, as emissões da eletricidade são de 16% (hidrelétricas e bioeletricidade, limpas). Mas o setor de transportes responde por 43% das emissões”, destacou. Isso ocorre porque tem modal ferroviário pouco explorado. No mundo, transportes respondem por 20% das emissões.
Outro destaque para o biocombustível, conforme Costa Filho, é que no Brasi, o carro elétrico pode ser híbrido, movido a etanol. “E com certeza será o veículo mais limpo do mundo.”
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A entrada do RenovaBio e o incremento dos biocombustíveis, contudo, irão resultar em um novo cenário no setor sucroenergético.
Jacyr Costa Filho disse no evento da F. O. Licht que se o RenovaBio for implantado, o que ainda é uma hipótese, irá ocorrer uma estagnação no número de unidades produtoras.”