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Queda do preço do álcool é mais lenta nas bombas

Estoques excessivos nas distribuidoras impedem a oferta do combustível por valores compatíveis. A queda dos preços do álcool hidratado ocorrida nas usinas até agora não beneficia os consumidores. Desde meados de março, o combustível ficou 5,7% mais barato nas usinas paulistas, segundo o levantamento semanal feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Nesse período, o valor cobrado pelo produto nos postos do Estado caiu apenas 1,3%, segundo levantamento semanal divulgado ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O retorno das usinas da região Centro-Sul à atividade se refletiu menos ainda nos preços nacionais. Em vez de reduzir, a média dos preços no País subiu 0,3% no período de 18 de março ao último dia 8, informa a ANP.

O lento recuo do preço do álcool hidratado é atribuído pelo vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alisio Mendes Vaz, a um erro de avaliação por parte das empresas. “De tanto falar em falta do produto no mercado, as distribuidoras de combustíveis acabaram formando estoques em níveis acima da demanda e pagando caro pelo produto”. Vaz acredita que serão necessários mais duas ou três semanas para o preço ceder nas bombas. Para ele, será o tempo necessário para que os estoques se esgotem e as distribuidoras reponham o produto por preços mais baixos.

Nesse período, a colheita de cana deverá ganhar velocidade, com expansão da oferta e queda nos preços. Até ontem, 55 usinas de açúcar e álcool, de um total de 240 na região Centro-Sul, entraram em operação, segundo informação da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Vaz acredita que o número de unidades deverá aumentar rapidamente uma vez que deverá contar com condições climáticas favoráveis para o corte da cana, informou a Somar Meteorologia.

No oeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul, há previsão de chuvas entre os dias 15 e 19 de abril, que poderiam paralisar a colheita por cerca de dois dias. Mas as indicações são de que o tempo deverá permanecer firme ao longo do ano, com baixa umidade, garantindo o andamento do corte da cana.

A safra 2006/07 de cana começou em março deste ano, dois meses antes do início oficial, em maio. A argumentação dos representantes dos usineiros é que antecipação da safra tem como objetivo garantir o abastecimento do mercado doméstico de álcool na entressafra. Há perda na produtividade nessa antecipação, o que é compensado pela melhor remuneração do produto. Produtos químicos aplicados nas lavouras contribuem também para acelerar a maturação da cana e reduzindo os prejuízos causados pelo corte precoce da cana.

Dados da Unica mostram que até o fim de abril será possível produzir 850 milhões de litros de álcool, com o processamento de 20 milhões de toneladas de cana. As estimativas do mercado apontam para uma colheita de 363 a 380 milhões de toneladas, contra 336 milhões de toneladas em 2005/06. Até agora, as condições climáticas têm sido favoráveis ao desenvolvimento dos canaviais e as estimativas mais otimistas deverão se confirmar.

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