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Quase metade do álcool de AL será exportado

Em menos de uma década, as exportações do setor sucroalcooleiro de Alagoas cresceram mais de 64%. O Estado exportava, em meados dos anos 90, uma média de 755 mil toneladas de açúcar por safra. Nesta década, a média saltou para 1,2 milhão de toneladas. O açúcar, no entanto, não foi o único responsável pelo incremento. Na virada do milênio, os negócios internacionais foram reforçados com as exportações de álcool.

A primeira grande venda de álcool para o mercado mundial foi realizada na safra 2001/02: 113 milhões de litros ou 113 m3. No período seguinte – 2002/03 – o Estado conseguiu exportar um volume 32,7% maior ou 168 mil m3. As vendas consolidadas da safra 2003/04 somam, até agora, 264 milhões de litros, volume 57,1% maior do que o registrado na safra anterior.

Comercializado por um valor médio de US$ 213 por metro cúbico (mil litros) o volume de álcool negociado até agora no mercado externo (contratado mas não necessariamente embarcado) é recorde para Alagoas. Mas ainda pode aumentar.

“Esses são os volumes já contratados. Mas novos contratos ainda podem ser fechados”, explica o economista Antonio Frazão. Ele é o executivo da Coopertrading, subsidiária da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas (CPRAAA), responsável pelas negociações de açúcar e de álcool no mercado internacional.

As vendas do setor sucroalcooleiro de Alagoas para o mercado externo devem resultar num faturamento de US$ 230 milhões. O álcool deve participar, desse total, com US$ 60 milhões. Mas esses números por enquanto, faz questão de frisar o executivo da Coopertranding, são “chutados”. Uma previsão mais exata só será possível próximo ao final da safra no Estado, entre os meses de fevereiro e março.

Diferença

O álcool exportado pelas indústrias de Alagoas não é o mesmo produto que vai para o tanque dos carros brasileiros – diretamente ou misturado a gasolina. “É um produto de maior pureza, destinado aos mercados de perfumes e de bebidas”, explica Frazão.

O destino do álcool alagoano é basicamente a Ásia. “Cerca de 90% dos contratos foram fechados com o Japão e com a Coréia do Sul. Esse perfil no entanto muda de safra para safra”, explicou o executivo.

Evolução em ATR

Quem trabalha na agroindústria da cana-de-açúcar já se habitou com o ATR (açúcares totais recuperáveis), que significa, na prática, a quantidade de açúcar que tira da matéria-prima. Considerando esse indicador, Alagoas, que exportava 39% de toda a sua produção em meados dos anos 90, deve fechar a safra 2003/04 com uma participação de 64% de exportações.

E por que aumentar tanto as exportações num período tão curto? Em resumo, essa é a avaliação feita por Frazão: 1) o aumento da produção de cana no Centro-Sul comprimiu o mercado no Nordeste; 2) a disputa no mercado brasileiro se acirrada demais deprimiu os preços internos; 3) o mercado mundial é bem maior e oferece maiores possibilidades de negócios; 4) Alagoas tem os melhores custos de exportação do Brasil, com um terminal açucareiro que opera a baixo custo e uma pequena distância, 70 km em média, das usinas até o porto; 5) os grandes volumes das exportações diminuem custos operacionais.

O executivo da Coopertrading cita ainda outros fatores, a exemplo do pequeno mercado alagoano, que consome menos de 10% de toda a produção de açúcar e álcool do Estado, e a inexistência de carga tributária, como “estimuladores” das exportações. Mas o que ele considera decisivo para o crescimento da participação no mercado mundial é a manutenção do equilíbrio do mercado interno.

Incentivos

“Hoje existe excesso de oferta tanto de açúcar quanto de álcool no Nordeste e no Brasil. Isso quer dizer que quanto mais produtos colocarmos nesse mercado mais os preços serão comprimidos. A exportação, portanto, ajuda a regular o mercado, especialmente no Nordeste, onde atuamos”, pondera.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira, reforça a avaliação feita por Frazão. “Hoje o que se discute é uma política de estocagem. As unidades do Centro-Sul estão encontrando meios para armazenar cerca de um bilhão de litros de álcool. Nós estamos resolvendo, com as exportações, o problema de mercado sem a necessidade de custos maiores com armazenagem do produto”, disse.

Pedro Robério defende a adoção, a curto prazo, de medidas que estimulem o consumo do álcool – “combustível limpo e que gera empregos”, diz – para garantir a demanda de toda a produção do País. “Vamos buscar as exportações, mas é fundamental que o governo pense em estimular no uso do álcool não só como combustível, mas também como insumo da indústria química para manter o mercado equilibrado”, afirma.

Nesta safra as usinas e destilarias de Alagoas devem produzir cerca de 570 milhões de litros ou 570 mil m3 de álcool, estima o Sindaçúcar- AL. As exportações (264 mil m3) vão representar pouco mais de 46,3% desse volume.

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