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Protesto fecha acesso à usina de biodiesel

Caminhões bloqueando a entrada. Comerciantes, empregados, operários e até clientes de braços cruzados. Aparentava ser mais uma greve na porta da unidade da Petrobras em Quixadá, a 170Km da Capital. Mas era um protesto contra o calote de uma das empreiteiras da quarta maior produtora de petróleo do mundo. Há quase um ano a Intecnial S/A não paga o restante das dívidas que tem com fornecedores deste município e direitos trabalhistas de profissionais terceirizados na usina.

Os dois protestos foram realizados na manhã de ontem. O movimento se fortaleceu com a união de fornecedores e trabalhadores. Houve congestionamento na entrada do pólo de biocombustível. Nenhum veiculo entrava e nem saía. Caminhões com matéria-prima ficaram enfileirados na CE-368 (BR-122). O acesso só foi permitido quando um grupo formado pelos empresários e empregados foi recebido pela direção da Petrobras.

Da parte dos comerciantes de Quixadá, a iniciativa partiu do sócio-proprietário da Mais Cimento, Mailton Avelino da Silva. Segundo ele, a Intecnial S/A deve R$ 35 mil à sua distribuidora. Uma sub-empreiteira dessa empresa deve mais R$ 8 mil. Cansado de aguardar quase um ano pela quitação do débito, resolveu realizar o protesto. Ao saber da visita do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, à usina, não pensou duas vezes. Aprontou um bolo e foi para a porta da usina, acompanhado de amigos.

Ao invés de xingamentos e sapatos, foi a maneira que resolveram utilizar para demonstrar a indignação diante da postura da Petrobras sobre o problema. Eles queriam dar uma fatia do “bolo” que levaram da empreiteira ao presidente da esta tal. O investimento havia chegado ali com a promessa de prosperidade para a economia regional por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Ao invés disso, ele e outros sete fornecedores amargam prejuízos.

Quando Mailton resolveu bloquear o acesso à usina, com o apoio dos trabalhadores que haviam acabado de paralisar os serviços, a comitiva de visitantes já estava dentro da unidade. Ao invés de Gabrielli, o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, e sua equipe eram recepcionados pela direção da unidade de Quixadá. Enquanto faziam uma visita institucional, o diretor geral da usina, João Augusto Paiva, e o engenheiro da empreiteira, Cláudio Freire, negociavam com os dois grupos.

Os trabalhadores tiveram assegurado o pagamento dos 30% de periculosidade, retroativo a agosto do ano passado, a partir do dia cinco do próximo mês. Também ficou firmado que nenhum dos 40 funcionários será demitido.

Após comemorarem a conquista, partilhando o bolo f eito especialmente para a Petrobras — em forma de um tambor de óleo com o fundo furado — retornaram ao serviço.

Quanto aos fornecedores, deverão retornar hoje à tarde à usina da Petrobras. O prazo foi solicitado para a realização do levantamento real da dívida. Os credores deverão receber uma proposta definitiva sobre o acerto das contas. A liberação de um aditivo, cujo valor não foi informado, viabilizará a quitação dos débitos. Caso o acordo não seja cumprido, os comerciantes pretendem bloquear novamente o acesso à usina da Petrobras.

De acordo com os credores, o atraso chegou a mais de R$ 700 mil. Do fornecedor de cimento foram R$ 105 mil. A maior parte já foi paga, mas Maílson diz que não dispensa nem um tostão.

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