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Protecionismo pode dificultar expansão de etanol brasileiro, diz Ipea

O mercado internacional de etanol tem potencial para crescer rapidamente e atingir mais de duas centenas de bilhões de litros em um prazo de dez anos, mas o setor deverá apresentar algum grau de protecionismo, o que dificultará os negócios de companhias brasileiras.

A tendência consta de relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta que mercados importantes – como a União Europeia (UE) e os Estados Unidos – devem privilegiar a produção doméstica antes de recorrer às importações.

Segundo a pesquisa, grandes empresas desses países – que já dominam o mercado mundial de produção de etanol – também tendem a produzir cada vez mais em terras brasileiras e em regiões em torno do Equador para atender a seus mercados de origem.

Isso deve ocorrer pelo fato de o Brasil possuir o menor custo de produção do etanol, uma vez que usa a cana-de-açúcar como matéria-prima e tem mão de obra relativamente barata na fase agrícola.

Além disso, a cana possui rendimento superior ao de as outras matérias-primas devido à maior concentração de sacarose. De acordo com o estudo, o milho – bastante utilizado na produção de etanol nos Estados Unidos – apresenta custo maior, em razão da necessidade de quebrar a molécula do amido para transformá-lo em sacarose.

Segundo o levantamento, as condições de produção e de consumo de biocombustíveis mostram atualmente diferenças importantes em relação à época do Programa Nacional do Álcool (Proácool), que teve seu ciclo de expansão encerrado na década de 1980 por conta do barateamento do petróleo e do aumento da produção dessa commodity no Brasil.

Diferentemente dessa fase, o setor vive hoje um ambiente de competição de livre mercado, de adesão de outros países aos biocombustíveis, de redefinição da matriz energética e de competição por outros usos da terra, além do estímulo à transformação do etanol em commodity.

“Outra importante diferença é o maior apelo das questões ambientais envolvendo a busca por alternativas de energias renováveis”, assinala o estudo.

No entanto, a questão do preço se coloca como um grande desafio, já que a possibilidade de maior competitividade da gasolina pode se tornar uma barreira à produção brasileira de etanol, cujos preços flutuam livremente.

Nesse ponto, o estudo cita que a presença dos novos agentes e de mecanismos de financiamento, estocagem e comercialização de etanol podem ajudar a reduzir a volatilidade de preços.

A geração de energia a partir da cana-de-açúcar também é tratada no estudo, que prevê a possibilidade de se ter até a safra 2018-2019 o equivalente a uma usina de Itaipu com o aproveitamento pleno de toda a biomassa de cana disponível.

Todas as 434 usinas sucroalcooleiras do Brasil são autossuficientes em energia graças à produção de vapor por meio da queima de bagaço de cana em caldeiras. Apesar disso, somente 20% das usinas comercializam seus excedentes de energia elétrica no mercado, aponta a pesquisa.

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