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Proposta americana de corte é uma farsa

Pedro de Camargo Neto, arquiteto dos processos vitoriosos do Brasil contra os subsídios americanos ao algodão e a ajuda européia ao açúcar, diz estar decepcionado com a reação cordial do governo brasileiro à proposta americana de cortar em 60% suas subvenções à agricultura. “Não entendo como o nosso embaixador, Celso Amorim, pode ter caído nessa. A proposta americana de corte não vai cortar nada”, diz.

O raciocínio de Camargo Neto é simples. Pelos seus cálculos, os Estados Unidos concedem subsídios de US$ 23,2 bilhões. Com o corte proposto, a ajuda cai para US$ 21,9 bilhões. Ou seja, uma redução na prática de apenas US$ 1,3 bilhão. Se aplicado, somente o contencioso do algodão deveria promover um corte de US$ 2,5 bilhões, conforme sentenciou a Organização Mundial do Comércio (OMC).

A mágica está na base de cálculo utilizada pelos EUA. A proposta de redução de 60% não é linear. Além disso, não incide sobre os subsídios concedidos atualmente pelos EUA (R$ 23,2 bilhões), mas sobre o limite estabelecido na Rodada Uruguai, de US$ 38 bilhões. Como a base do cálculo é maior, o corte, vis-a-vis com o volume de ajuda concedida atualmente, parece muito menor.

“O Brasil não pode aceitar a proposta. Prefiro que não saia nenhum acordo da reunião de Hong Kong a esta farsa”. A reunião da OMC começa no próximo mês. O debate sobre a ajuda agrícola tem sido o principal empecilho para que as negociações sigam adiante. “Se aceitarmos, seremos politicamente prejudicados e vistos como o país que aceita qualquer acordo”.

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