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Projeto mudou a vida de Vila União

Após três horas de viagem, a lancha rápida emprestada pela Prefeitura de Eirunepé encosta na margem direita do rio Juruá, afluente da margem direita do rio Amazonas, ao pé de um abrigo ligado à terra firme por uma ponte de madeira. Lá em cima funciona o entreposto comercial da Comunidade de Vila União, típico povoado de beira de rio da Amazônia, talvez um pouco maior que a maioria.

O entreposto é um símbolo de liberdade. Com ele os cerca de 200 habitantes do povoado de casas de madeira sobre terra batida ficaram livre do jugo do regatão, o mascate de beira rio que impõe sua condição na troca de mercadorias das cidades pelo que os moradores produzem. No entreposto, instalado pela prefeitura e administrado pela comunidade, as mercadorias têm o preço que teriam na cidade.

Ele funciona também como armazém onde o gramixó é estocado para comercialização e embarque. Vila União é a maior produtora de açúcar mascavo entre as comunidades apoiadas pelo Projeto Gramixó. Eirunepé fornece mais de 70% do açúcar comprado anualmente pela Coca-Cola das comunidades ribeirinhas do Amazonas.

José Geildo Nascimento Monteiro, 27, dois filhos, é o presidente da Comunidade de Vila União, responsável pela administração do entreposto. Ele diz que a chegada do projeto mudou a vida no povoado. “As casas hoje têm teto de zinco, antes era tudo de palha”. Há TV e até aparelho de som, mas a pobreza ainda é a marca mais perceptível. O rendimento bruto das famílias que trabalham com a cana, de acordo com Geildo, chega a um salário mínimo por mês, mas ele se queixa que os custos tomam quase a metade dos ganhos.

Geildo divide a liderança da comunidade com Raimundo Nonato da Silva de Souza, o Gaio, presidente da Associação dos Produtores de Cana-de-açúcar de Vila União, futura empresa comercial da comunidade. Hoje, Vila União tem capacidade para produzir até 600 quilos de gramixó por dia, na safra, mas essa capacidade poderá dobrar com a entrada em operação de uma nova moenda que acaba de chegar. O problema é que o engenho chegou sem motor, e nos confins da Amazônia isso pode significar meses de espera. (CS)

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