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Projeto do governo para a cana deve elevar desemprego no campo

Cerca de 420 mil cortadores de cana do país podem perder os empregos por conta de uma das medidas anunciadas ontem pelo governo para garantir “selo verde” ao álcool combustível: a mecanização integral da coleta de cana até 2017.

Até lá, a área plantada deverá chegar a 14,5 milhões de hectares, 86% maior do que a extensão de terras ocupadas atualmente pelo cultivo da planta.

“O desemprego vai acontecer, sim”, avalia Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). A maioria dos produtores de cana de São Paulo aderiu a metas semelhantes de mecanização há dois anos: “Estamos requalificando esses trabalhadores e parte será absorvida no próprio setor [sucroalcooleiro], como operadores de máquinas, mecânicos e eletricistas”.

A mecanização das c! ulturas integra o projeto de lei encaminhado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso. O objetivo dessa proposta é eliminar as queimadas e reduzir a emissão de gás carbônico, vilão do aquecimento global. O efeito por ano da medida seria semelhante à retirada de 2,2 milhões de carros de circulação.

Resultado de mais de dois anos de debates internos no governo, o zoneamento da cana expressa a intenção de expandir o cultivo sem dano ao meio ambiente e, com isso, disputar mercado para o álcool no exterior. O projeto prevê multa de até R$ 50 milhões e embargo de propriedade caso o cultivo avance sobre área coberta até ontem por vegetação nativa.

O projeto também proíbe a expansão da cana na Amazônia, no Pantanal, na área da Bacia do Alto Paraguai. Essa última área foi objeto de grande disputa no governo. Produtores de cana do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul já se mobilizam para mudar o texto.

“Não podíamos pôr em risco a imagem do álcool verde por causa d! o interesse de oito empreendimentos”, defendeu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Contrariado pela decisão de proibir novas usinas no entorno do Pantanal, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que é difícil fazer previsão sobre quando o Congresso aprovará as regras do zoneamento da cana.

Alimentos

Independentemente da aprovação das regras pelo Congresso, decreto assinado por Lula já orienta desde ontem a concessão de crédito oficial às áreas consideradas aptas pelo governo.

Mais da metade das áreas indicadas como prioritárias para a expansão da cana é ocupada hoje por pastagens. Há 23,6 milhões de hectares – uma área equivalente ao Estado de São Paulo- ocupados hoje pela agricultura.

O Ministério da Agricultura ficará responsável por analisar pedidos para a instalação de novas usinas de cana. Ontem, Stephanes comentou que o movimento de investidores interessados no álcool caiu nos últimos meses, acompanhando a queda no preço do petróleo.

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