O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central entre 2003 a 2006, fez projeções sobre os rumos da economia brasileira que são estratégicas para o planejamento da safra de cana-de-açúcar 2017/18.
O Portal JornalCana apresenta essas projeções, apresentadas na quinta-feira (28/07), em Ribeirão Preto (SP), durante evento promovido pela CPFL com a participação de 100 executivos de grupos sucroenergéticos.
Dólar
Para Schwartsman, em um período compreendido entre os próximos seis a doze meses a moeda americana deverá ficar na média de R$ 3,50. Essa projeção, explica, reflete situações econômicas como a valorização do dólar diante a possibilidade de o Banco Central dos EUA, o Fed, ampliar em 0,25% a taxa básica de juros ainda neste 2016.
Inflação
Conforme o economista, há tendência de a inflação ficar dentro do centro da meta do governo, de estimados 6% ao ano. Essa possibilidade, diz, decorre de o colegiado Copom, do Banco Central, definir a taxa básica de juros (Selic) em 11% anuais em 2017. Hoje, essa taxa está em anuais 14,25%.
Retomada do crescimento
Schwartsman é categórico: a retomada do crescimento econômico do Brasil não virá pelo viés do consumo. Segundo ele, não há condições atuais para incentivar o consumo como ocorreu em 2003, por exemplo, com a entrada do crédito consignado (com desconto na folha de pagamento). A retomada virá através do mercado externo, com o avanço das exportações, e de aportes em infraestrutura.
Déficit público
O déficit público oficial para 2017 está projetado em R$ 149 bilhões, mas o governo prevê receita de R$ 50 bilhões. Schwartsman não acredita na entrada dessa receita. “Mesmo que ela venha, o que não está claro, quem garante que será recorrente nos próximos anos?”, questiona. Em sua opinião, o déficit de 2017 deve alcançar R$ 199 bilhões e os déficits dos próximos anos ainda dependem de projeções para serem projetados.
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Projeções
Durante o evento da CPFL em Ribeirão Preto, da qual o Portal JornalCana participou, Alexandre Schwartsman apresentou conclusões a respeito da economia brasileira. Confira a seguir:
- Temor da dívida é o principal fator de inibição do investimento no país
- Necessário forte ajuste fiscal, com mudança das condições que implicam pressões de longo prazo sobre o gasto público
- É mais que claro que o governo Dilma não foi capaz de realizar o ajuste
- Não é óbvio que o governo Temer consiga realizar a proeza
- Reversão da dívida só se materializaria em horizontes bem mais longos que o coberto pelo atual governo
- Sem reforma da previdência teto se tornará inviável
- Parecer haver interesse sincero por reformas e maior integração comercial, mas há pouco espaço para muita coisa acontecer até 2018
- Economia deve se recuperar, mas de forma ainda modesta, sob pressão permanente do ajuste fiscal.