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Proibição de queima de cana estimula venda de colheitadeiras

As proibições de queimas de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo desde o fim de julho têm levado a um aumento nas compras de colheitadeiras e podem acabar estimulando uma aceleração da mecanização da colheita.

A queima da cana, que foi suspensa diversas vezes nas últimas semanas devido a riscos à saúde provocados pela baixa umidade relativa do ar, é feita para permitir o corte manual, que ainda responde por cerca de 70 por cento da colheita em São Paulo.

“Decidimos adquirir cinco máquinas. A idéa é, em um ano, passar de uma mecanização de 25 para 40 por cento”, disse Luiz Guilherme Zancaner, presidente do grupo Unialco.

Zancaner disse que receberá as máquinas apenas em janeiro e fevereiro, devido ao aquecimento de pedidos. Ele afirmou que outras empresas da região oeste do Estado também têm feito compras.

Apenas 30 por cento da colheita atualmente é feita com máquinas em São Paulo, o principal Estado produtor do Brasil.

A lei estadual, que foi aprovada em 2002, estabelece o fim das queimadas nas áreas mecanizáveis em 2021. Já nas áreas com declividade superior a 12 por cento, que são consideradas não-mecanizáveis, as queimas devem ser suspensas em 2031.

A procura por máquinas reflete a perspectiva do setor de que as suspensões da queima por problemas ambientais e de saúde pública, que até este ano eram inéditas, possam ocorrer também pelos próximos anos. O próprio governo sinaliza essa possibilidade.

“Realmente, o que a gente pode esperar é que o setor tente reduzir a queima para não ter que passar por esse tipo de problema”, disse Antonio Luiz Lima de Queiroz, assessor técnico da diretoria do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais, da Secretaria do Meio Ambiente.

Segundo ele, o setor sofre muito com as suspensões porque trabalha com uma programação rígida. A cana não pode ficar no campo depois da colheita porque perde açúcar, e fica imprópria para processamento se mantida mais de um dia no pátio das usinas.

Ele afirmou que as proibições de queimada começaram a ser aplicadas este ano devido não apenas à prolongada estiagem no Estado, mas também ao fato de o governo ter conseguido implementar, após quatro anos da aprovação da lei, instrumentos que permitem acompanhar eletronicamente as áreas queimadas.

Durante o pico de safra, a secretaria estadual recebe de 1.000 a 1.200 comunicações de queima de cana por dia.

Atualmente, adota-se um gatilho para a proibição das queimadas. Se a umidade está abaixo de 30 por cento em determinada região, a queima está permitida apenas para o período noturno. Se menor que 20 por cento, ela fica suspensa em qualquer horário. Mas o critério está sendo revisto por um grupo de trabalho.

VENDAS ACIMA DO PREVISTO

De acordo com as três fornecedoras de colheitadeiras no país, a demanda atingiu um nível recorde.

As usinas que estão se instalando — há cerca de 90 projetos de novas unidades — são o principal fator a estimular o aumento das vendas, mas todas as empresas disseram que as suspensões das queimadas estão contribuindo para isso.

A John Deere e a Case, as duas principais fornecedoras, esperam que o mercado absorva em 12 meses de 250 a 300 máquinas, ante cerca de 140 no período anterior. Cada uma custa cerca de 650 mil a 900 mil reais.

Flávio Nunes, supervisor de vendas da unidade cana da John Deere, disse que as máquinas vendidas atualmente são para entrega em abril de 2007. No ano passado, esse período era de 60 dias.

“Essa proibição (faz com que) aquele planejamento que o usineiro tinha feito para o médio prazo tenha de ser antecipado. Aliado aos novos projetos…, (isso) culmina num mercado maior que aquilo que estava sendo previsto”, disse Isomar Martinichen, diretor comercial da Case.

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