JornalCana

Programa de fomento à irrigação pode equiparar competitividade do Nordeste à do Centro/Sul

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, confere gotejamento subterrâneo na Usina Japungu

Ao recepcionar a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no último sábado (16/02) na Usina Japungu, em Santa Rita, na Paraíba, o diretor presidente da empresa, Jose Bolivar de Melo Neto, defendeu a criação de um programa de fomento à irrigação para a região Nordeste e, no caso específico da Paraíba, a finalização do chamado “Canal da Vertente”, que integra as águas das bacias litorâneas do estado.

A ideia vem de encontro ao discurso da ministra no evento, de que os produtores devem ser eficientes e competitivos local e globalmente, sendo papel do governo fomentar o desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura para aumentar a competividade e a sustentabilidade da agricultura.

Leia também: 

Ministra da Agricultura propõe discussão sobre projeto que acaba com desconto de energia para produtores

Em entrevista exclusiva ao JornalCana, Bolivar diz que o fomento à produtividade, especialmente através da irrigação para mitigar as severas adversidades climáticas da região, é a solução para a competitividade do setor produtivo de cana no Nordeste.

Para ampliar a disponibilidade hídrica da Região, Bolivar sugere incentivos fiscais para que os próprios produtores invistam na construção de barragens e infraestrutura para irrigação. “A época de construir grandes barragens, acima de 50 milhões de metros cúbicos, já se foi. A construção de açudes menores, de até 5 milhões de metros cúbicos, é uma forma de descentralizar os investimentos e compartilhar a água com um maior número de beneficiados, como pequenos produtores”, explica.

Bolivar cita ainda a redução da burocracia e a celeridade nos processos envolvendo órgãos públicos como outro passo importante para os produtores ganharem competitividade. “Podemos citar como exemplo o processo de obtenção de financiamento junto ao Banco Nordeste, que demora mais de um ano e meio para ser aprovado e submete os produtores a exigências desnecessárias”.

 

Japungu investe em poços profundos e redução de lâmina para viabilizar gotejamento

 

A usina Japungu é conhecida por utilizar a irrigação por gotejamento subterrâneo no cultivo da cana-de-açúcar. Com o uso desse sistema israelense, a propriedade passou a ter produtividade média de 111 toneladas de cana por hectare (TCH), nos 3.550 hectares onde a tecnologia está instalada. No restante da área cultivada com cana, sem o gotejamento, o rendimento médio é de 43 toneladas por hectare.

“A diferença de 68 TCH impressiona e faz com que a cada ano a expansão das canalizações seja da ordem de 800 hectares”, explica o responsável pelo sistema de irrigação, Alexandre Guerra.

Guerra diz que a Japungu só não acelera a adoção do sistema de gotejamento por falta de água, pois mesmo que a economia no consumo seja menor quando comparado com o uso de outros sistemas de irrigação, como pivôs, o investimento na implantação do gotejamento é muito alto e só vale a pena se houver garantia de disponibilidade mínima de água.

Por essa razão, os projetos que estão sendo implantados na Usina contam com o investimento extra na perfuração de poços profundos, entre 250 a 300 metros de profundidade, visando garantir uma vazão mínima de 50 metros cúbicos por hora.

Outra vertente em estudo de forma criativa pela equipe da Japungu é a redução da lâmina diária no gotejamento. O objetivo é driblar a falta de água para a irrigação plena no gotejamento, adotando uma irrigação ‘de salvação’. “Ainda que não seja o ideal, esta irrigação permitiria suprir a cana com água e nutrientes na quantidade mínima e na época certa, sem o risco da lixiviação, o que elevaria a produtividade média da Japungu para acima de 60 TCH”, explica Guerra.

Já Bolivar destaca que os resultados com a irrigação por gotejamento são frutos dos investimentos e aprendizagem de quase uma década da Usina com a tecnologia, a qual se encontra madura e permite buscar novos horizontes de competitividade para a cultura canavieira na região. “Com o gotejamento subterrâneo, o Nordeste mostra que dispõe de tecnologia para equiparar sua produtividade à da região Centro/Sul”, conclui o presidente da Japungu.

Devido ao êxito com a tecnologia de gotejamento subterrâneo, a Japungu sagrou-se vencedora do Prêmio MasterCana Nordeste na categoria Usina/Destilaria do Ano em Irrigação.  O evento de premiação acontecerá na noite desta quinta-feira (21/02), em Recife.

Para maiores informações acesse o site www.mastercana.com.br

 

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram