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Programa CCQ provoca “tempestade de idéias”

A Usina Passa Tempo, de Rio Brilhante (MS), possui hoje 256 aliados na gestão de seus negócios. Eles são funcionários, de diversas áreas, integrantes do programa Círculos de Controle de Qualidade — CCQ, que começou a ser implantado, na empresa, em fevereiro de 2001. Os circulistas, movidos pelo espirito de participação e de voluntariedade, se reúnem pelo menos uma vez por mês, para discutir e propor soluções para problemas da empresa, ou mesmo sugerir alternativas para melhorar a produtividade e a qualidade dos serviços.

O CCQ já gerou resultados práticos na Passa Tempo. Entre eles, está a elogiada máquina descoladora de pneus, utilizada em tratores. Antes dela ser inventada por um grupo de funcionários, a retirada era feita pelo desgastante e demorado trabalho manual. De outro grupo de circulistas – existem, no total, 65 grupos na usina – formado por fiscais de cana, nasceu o projeto “Entrega da Cana Rica e Limpa”, que possibilitou a redução de 50% da impureza mineral do produto, o que equivale a economia de R$ 19.500,00 por safra. de acordocom Tânia Lúcia Cavalcanti de Lima, supervisora de Recursos Humanos e coordenadora do programa de qualidade da Passa Tempo. Esse projeto proporcionou a melhoria no corte, no esteiramento no campo e no carregamento da cana.

Os circulistas criaram, também, propostas mais simples para a melhoria das condições de trabalho, como a implantação de jardim no setor administrativo e a colocação de placas indicativas de diferentes áreas da usina. O grande benefício desse programa está associado, no entanto, ao ambiente de trabalho. “Os funcionários aprendem a atuar em equipe e têm muito mais motivação. Durante as reuniões, eles fazem uma verdadeira ‘brainstorming’ – tempestade de idéias”, afirma Tânia de Lima, que é, também, coordenadora do CCQ. Segundo ela, ninguém é obrigado a aderir ao programa, mas depois, que começa a participar, deve assumir compromisso com o grupo e as reuniões. Cada círculo é formado por 5 a 7 funcionários, geralmente do mesmo setor.

Na Passa Tempo, somente trabalhadores do corte de cana ainda não fazem parte do CCQ. “É a nossa próxima etapa”, diz a supervisora de Recursos Humanos Para implantar e ampliar o programa, essa usina – pertencente ao grupo Tavares de Melo – investe em treinamentos e conta com a consultoria da Fundação de Desenvolvimento Gerencial — FDG, de Belo Horizonte (MG). A Passa Tempo chega a ter, aproximadamente, 1.600 funcionários no período de safra e 1.300 funcionários na entressafra. O Grupo Tavares de Melo, que é proprietário de usinas nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, utiliza o CCQ na sua unidade de Maracaju, também localizada no Mato Grosso do Sul.

Apesar de não ser, ainda, muito usado no setor sucroalcooleiro, o CCQ, que é considerado um subsistema da Gestão pela Qualidade Total, chegou ao Brasil em 1971, sendo implantado, inicialmente, nas empresas Johnson & Johnson, Volkswagen e Embraer. Esse programa foi criado em 1962, no Japão, pelo professor Kaoru Ishikawa, sob o patrocínio da Union of Japanese Scientists and Engineers — Juse.

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