Mercado

Produtores de cachaça orgânica querem exportar

Os produtores de cachaça de Morretes, no litoral do Paraná, estão trabalhando para garantir, no máximo em dois anos, um espaço significativo dentro do mercado de exportação de cachaças. Para isso, os 20 maiores alambiques da região uniram-se em uma cooperativa e pretendem lançar até o final do ano a Cachaça Morreteana, nome escolhido para a marca que será produzida pelos cooperados. Outra iniciativa é a decisão de que toda a produção da cidade terá que ser de cachaça orgânica.

Nesse sentido, Morretes também tornou-se na quarta-feira passada, na primeira cidade do País a ter uma legislação municipal, que obriga que toda a produção de cachaça do município seja orgânica. Isso significa a ausência de produtos químicos em todo processo de produção, incluindo a adubagem do solo para plantação da cana-de-açucar. Além de definir características de produção, a legislação também traz definições para a área social. Prevê, por exemplo, que as empresas têm que registrar seus funcionários em carteira de trabalho, que os filhos dos proprietários têm que estar frequentando escola, e define regras de preservação ambiental.

O objetivo é a exportação, e queremos entrar no mercado externo com o diferencial de ter apenas cachaça orgânica, o que é bem considerado na Europa, explica o presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Cachaça Artesanal de Alambique (APPCAA), Adalberto Porcides Filho. A expectativa dos 20 alambiques de Morretes é produzir, este ano, cerca de 2 milhões de litros, o que significaria dobrar a produção de 2003, de 1 milhão de litros. Os alambiques, segundo ele, estão começando a se adaptar às novas exigências, mas só dentro de 1 ano e meio a dois anos a adequação será total.

As pretensões de Morretes, no entanto, tornam-se pequenas se compradas às expectativas do presidente da Federação Nacional dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca), Murilo Albernaz. A cachaça vai ser a bebida do século XXI. Ela está começando a ser conhecida e vai ter as próximas duas décadas de sucesso, diz. A constatação não é dele, mas sim de especialistas internacionais. Várias revistas, segundo Albernaz, já publicaram essa tendência. Os anos 60 a 70 foram do rum; 70 a 80 do uísque; 80 a 90 foi a vez da vodka; os anos 90 a 2000 da tequila. Agora é a vez da cachaça, explica.

A principal preocupação da Fenaca, no momento, é organizar os produtores de cachaça de alambique e garantir qualidade, padronização e volume de produção, ingredientes indispensáveis para entrar no mercado externo com competitividade. Para isso, incentiva a formação de cooperativas. Nos últimos 18 meses, cerca de 50 foram fundadas ou estão em processo de constituição. O objetivo é fazer com que os produtores artesanais de todo País se unam para lançar uma marca única nacional. A produção prevista, superior a 100 milhões de litros por ano, seria padronizada e regionalizada.

Banner Revistas Mobile