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Produtores de cachaça aproveitam as sobras para fabricar etanol em MG

O trator prepara a terra para mais um plantio. A pequena propriedade em Cajuri, na Zona da Mata de Minas Gerais, pertence a Valdir Faustino. Ele alugou a máquina e contratou mão de obra, mas resolveu pagar de uma forma diferente: com etanol.

O combustível é feito no próprio sítio, a partir de um subproduto da destilação da cachaça. A primeira e a última dosagem da bebida destilada são chamadas, respectivamente, de “cabeça” e “cauda” e são consideradas impróprias para consumo porque têm maior concentração de álcool.

Elas passam por um processo de refinamento, onde o excesso da água é retirado do álcool, dando origem ao etanol. Por dia, são produzidos 350 litros.

Henrique Simonini é sócio de Valdir e abastece os veículos da propriedade, mesmo assim, o produto ainda sobra no tanque, por isso, virou moeda de troca na região.

Com um bode amarrado na corda, Raimundo Cardoso chega disposto a negociar. Calculadora na mão, Valdir faz as contas do preço do álcool e da arroba do bode.

Além de mão de obra e animais, o etanol é trocado pela própria matéria-prima. O produtor de cachaça João Batista trouxe 200 litros de “cabeça” e “cauda”. Como ele não tem a estrutura para fabricar álcool, acha mais vantajoso vender o subproduto que seria descartado.

Como pagamento pelo serviço, Valdir pega 10% do etanol que consegue produzir com a cachaça e entrega à João.

Em todas as trocas existe um acordo entre os produtores: como o álcool não pode ser levado em galões, por ser inflamável, ele fica armazenado no tanque na propriedade. Valdir anota tudo no caderno e faz um crédito.

Por questões de segurança, o produtor limita a retirada de 30 litros por vez para carros e 10 para motos. Quem tem direito a encher o tanque pode ir na propriedade a cada cinco dias, assim, ele também consegue manter o estoque.

O Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa já testou e considerou de boa qualidade o etanol produzido na fazenda.

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