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Produtores de biodiesel podem ofertar mais 1,2 bilhão de litros em até 45 dias

Parlamentares vão convocar ANP para audiência pública

Lider do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, na reunião da FPBio em 1 de junho

O setor de biodiesel pode responder no curto prazo com aumento de produção de cerca de 1,2 bilhão de litros em um prazo estimado entre 30 e 45 dias para contribuir com os esforços do Governo Federal em reduzir os riscos de desabastecimento de diesel no país, conforme apontou a Petrobras e outros agentes econômicos. Esse aumento implicaria na autorização governamental para elevar a mistura do biodiesel de 10% para 12% (chamada tecnicamente de B12).

“Ampliar a produção de biodiesel é questão de segurança energética para os brasileiros. Defendemos essa proposta para colaborar com os esforços do Governo Federal contra a crise dos combustíveis. Importante ressaltar que o biodiesel a mais irá substituir a parcela de diesel que é importada e esse combustível é mais caro do que o diesel nacional”, ressalta o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio). Além de reduzir as emissões de poluentes, o teor maior de biodiesel irá reduzir os gastos em dólar com importação de diesel fóssil.

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Pedro Lupion articula reunião na próxima semana entre parlamentares da FPBio e produtores de biodiesel com o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. O objetivo é aprofundar a discussão sobre as medidas para dirimir o risco de desabastecimento de diesel no país. “O Governo Federal tem grande preocupação com o preço do diesel nas bombas, mas a preocupação maior agora é (assegurar) o abastecimento”, afirma o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS).

Reunidos em Brasília, na manhã desta quarta-feira (1/6), o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), o presidente da FPBio, Pedro Lupion, e os produtores de biodiesel se mostraram surpresos com o conteúdo da nota técnica nº 14/2021/SBQ-CRP/SBQ/ANP-RJ, emitida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Esta nota deveria tratar da comprovação da qualidade técnica do ‘diesel’, mas segundo os produtores, a agência reguladora apresenta críticas à qualidade do biodiesel nacional, sem comprovação técnica e com base em suposições.

Na visão da FPBio esta postura da ANP impõe obstáculo que não deveria existir à expansão do uso do biodiesel e à própria iniciativa de prevenção do Governo Federal em mitigar o risco de desabastecimento de diesel.

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A FPBio identificou que a ANP terá que ser convocada nas próximas semanas à Câmara dos Deputados, em audiência pública, para prestar esclarecimentos sobre o conteúdo da nota 14, já que o documento deveria tratar da ‘qualidade do diesel’, mas cita o biodiesel 146 vezes em suas páginas. Segundo a FPBio, o documento apresenta uma distorção da realidade e acaba por favorecer os negócios de um setor regulado pela agência – combustíveis fósseis – em detrimento de outro, o de biocombustíveis limpos.

“A agência (ANP) tem que representar os interesses nacionais. A agência não tem que fazer a advocacia de interesse de partes”, afirma o deputado federal Alceu Moreira. O deputado integra a diretoria executiva da frente parlamentar e disse na reunião que apresentará esta semana requerimento para agendar uma audiência pública e convocar dirigentes da ANP. Também informou que os produtores e especialistas em combustíveis serão convidados a explicar, na mesma audiência, os resultados de testes científicos que atestam a qualidade do biodiesel produzido, vendido e consumido no país, inclusive, conduzidos pelo Governo Federal.

Alceu Moreira disse que o posicionamento da ANP é opinativo, mas “a justificativa tem que ser de natureza técnica”. Ele disse que há muitos estudos reconhecidos que atestam a alta qualidade do biodiesel nacional:

“A agência reguladora é uma instituição de Estado(…) importante porque ela sai da relação negocial(…). Uma nota técnica (emitida pela agência), com argumentações que não passam de opiniões, deixa claro que é tendenciosa para beneficiar a venda de diesel fóssil, e se percebe que ali tem outros interesses não republicanos que estão em jogo. Então, o que nós queremos é que o Estado brasileiro veja o biodiesel como uma questão nacional. Não é justo que, quando todo o mundo fala da questão ambiental, nós, que temos a possibilidade de produzir combustíveis verdes, que proporcionam a melhora da qualidade ambiental, estejamos optando pelo diesel fóssil sem nenhum benefício visível”.

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Segundo os integrantes da FPBio, a nota técnica da ANP deixa claro que há problemas de qualidade no diesel, como presença de parafinas que causam entupimento e hidrocarbonetos poliaromáticos cancerígenos. Entretanto, a agência é complacente com esses problemas ao não exigir o maior controle desses componentes do diesel. Além disso, a nota técnica não propõe a extinção do diesel S500, já banido na maior parte dos países desenvolvidos.

Também participaram do encontro da FPBio os dirigentes da ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais; da APROBIO – Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil; e da UBRABIO – União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene.

 

 

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