Mercado

Produtores de álcool começam a se queixar

A expansão do gás natural veicular (GNV) começa a incomodar os produtores de álcool, que iniciam movimento para restringir o uso do combustível pelos carros de passeio. Segundo o vice-presidente da Jardest Açúcar e Álcool e conselheiro da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), João Carlos Figueiredo Ferraz, o uso descontrolado do gás poderá desestabilizar o mercado de combustíveis no Brasil. Por isso, os produtores estão concluindo um estudo a ser entregue ao governo, mostrando o quadro do setor e as sugestões para evitar prejuízos. “Não tem sentido substituir um combustível que começa a ser exportado por causa das vantagens ambientais pelo gás natural, que é importado.”

Nos últimos três anos, o segmento de GNV se transformou em uma das vedetes do mercado nacional. O motivo para tanta empolgação deve-se ao custo do produto, bem inferior ao da gasolina. Levantamento feito pela Universidade de Berlim e pela Cetesb mostra que para cada quilômetro rodado o consumidor de um Gol 1.0, por exemplo, paga R$ 0,202 de álcool; R$ 0,236, de gasolina; e 0,099, de gás. A vantagem econômica elevou em 316% o consumo de GNV desde 2000, segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).

Para Figueiredo Ferraz, o gás deveria ser usado para outros fins, seja na produção industrial ou para substituir o óleo diesel, importado, usado por caminhões e ônibus. Além disso, diz, é preciso dar condições semelhantes para todos os combustíveis, como a cobrança do ICMS. Hoje, explica ele, o álcool é tributado em 25% e o gás, em 12%. “Todo gás usado em veículos é subsidiado pelos demais consumidores de gás e pela Petrobrás”, afirma o conselheiro da Unica. Segundo ele, no último reajuste da Comgás, o gás para o consumidor residencial teve aumento de 29% enquanto o GNV, de 2%.

O presidente da Abegás, Romero de Oliveira, diz que não há subsídio no gás veicular. E, na opinião dele, há espaço para todos. “Não podemos tratar um combustível com muito zelo e deixar o outro de lado. O dia que o País voltar a crescer precisaremos de todos.”

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