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Produtores aceitam ANP, mas temem fuga de investimento

Representantes do setor sucroalcooleiro apoiaram a decisão do governo de transferir o mercado de etanol para o controle da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustível (ANP). Eles apenas manifestam cautela com a decisão do governo – ratificada pela Medida Provisória 532 – de ampliar a margem de mistura do anidro na gasolina. O maior receio do setor é o de que a maior regulação do mercado aumente o risco para investimentos, o que poderia levar a taxas de juros mais altas nos financiamentos bancários. Para eles, isso poderia afastar investidores em um momento em que eles são necessários para a expansão da área de cana, praticamente estável há dois anos.

Não existe u m temor aparente de uma efetiva redução da mistura de álcool anidro na gasolina para 18%, já que o País está precisando importar gasolina para atender o mercado interno. Além disso, e os preços do etanol já estão em queda com a entrada da nova safra.

O presidente da Cosan, Marcos Lutz, espera que as medidas conservem o fluxo de investimentos. “A Raízen, associação entre a Cosan e a Shell, tem planos de investimentos para aumentar a oferta de cana para 100 milhões de toneladas anuais e elevar a produção de etanol de 2 para 5 bilhões de litros em 5 anos”, disse.

O presidente da Renuka do Brasil, Humberto Farias, defende a necessidade de estímulos do governo para a volta do crescimento da produção de cana. “Este estímulo não viria com medidas como a redução da mistura de anidro”, disse.

O presidente da usina Guarani, Jacyr Costa Filho, classificou como positivo o fato de o governo ter mantido o teto de 25% da mistura de anidro, mostrando comprometimento com a energi a renovável. “A passagem do etanol da agricultura para a ANP mostra a relevância que o produto tem hoje na matriz energética brasileira”, comentou.

O economista Plínio Nastari, presidente da Datagro, consultoria especializada no setor, lembra que a faixa da mistura entre 20% e 25% foi fixada em um nível em que está comprovada a segurança de conteúdo de oxigenação da gasolina. “É preciso saber se uma mistura a 18% é tecnicamente factível para motores dos veículos flex”, disse.

Críticas. A crítica mais forte veio do Congresso. O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), considerou “uma jogada de marketing e “de má gestão do governo”.

“Sob pressão inflacionária gerada pelos combustíveis, o governo adota medidas para dizer que pode barrar as altas nos preços”, disse Nogueira. “Todos sabem que essa alta é pontual, gerada pela entressafra”, acrescentou. O deputado federal paulista Mendes Thame (PSDB-SP) afirma que a MP foi um sinal de que o governo optou por uma saída “simplória”. Segundo ele, o governo não fez estoques de etanol, não incentivou investimentos durante a crise e ainda opta por uma medida que vai aumentar o risco e as incertezas do setor. O professor de Planejamento, Marcos Fava Neves, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de São Paulo (USP) defende que a MP 532 pode ajudar a resolver os problemas de estocagem do etanol e até financiar essa estocagem.

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