Mercado

Produtor usará Agrishow para cobranças

Uma feira de negócios, mas também de reivindicações. Este deverá ser o mote da 12ª versão da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), a ser realizada em Ribeirão Preto entre a próxima segunda-feira, dia 16, e sábado, 21.

Representantes de entidades públicas e privadas ligadas ao agronegócio irão aproveitar o evento para pleitos de liberação de recursos financeiros e de menos taxas e burocracia nos financiamentos. Tais reivindicações ganharão força porque o ministro do Mapa (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Roberto Rodrigues, e o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Antônio Duarte Nogueira Júnior, ficarão praticamente durante todos os dias no evento, no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste, no quilômetro 321 do Anel Viário. “Queremos o fim de taxa do BNDES destinada ao Fundo de Equalização”, afirmou Francisco Matturro, presidente da CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas) da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), realizadora da Agrishow. Essa taxa é de 4% sobre o valor da nota fiscal da máquina, mas, conforme ele, chega a 4,8% porque a tributação é sobre o valor integral do produto. “Trata-se de um insumo que o fabricante coloca no custo”, disse.

Pleito – A retirada dessa taxa, segundo Matturro, foi solicitada em 17 de março último ao Ministério da Agricultura. “Mas a decisão independe do Ministério, e sim do governo federal em si”, observou. O pleito deverá ser reforçado durante a Agrishow, assim como outra solicitação: a continuidade do orçamento da safra agrícola. Ela vai de 1º de junho a 30 de julho e a sobra de recursos financeiros é devolvida ao governo. “Ocorre que esse dinheiro retorna para a próxima safra, mas antes passa por uma burocracia que leva até 68 dias”, reclamou. “É muito tempo e atrapalha a vida do agricultor”. Segundo Matturro, a safra 2004-2005 deverá ser encerrada no final deste mês com uma sobra de R$ 3 bilhões. “Se o governo federal quiser, autoriza de imediato a continuidade do orçamento e esse dinheiro já fica disponibilizado para a agricultura”.

Evento deverá movimentar R$ 800 milhões

Nem os R$ 435 milhões negociados pela feira de 2002, nem os R$ 867 milhões de 2003 e nem o R$ 1,285 bilhão do ano passado. A Agrishow deste ano deverá ficar em R$ 800 milhões. “É a média das quatro últimas feiras e não está espetacular?”, questiona Sérgio Magalhães, presidente do Sistema Agrishow.

Ele prefere falar em previsões de valores na tarde do sábado, dia 21, quando a feira termina, mas esbanja otimismo apesar de setores da agricultura passarem por percalços. “Em Rondonópolis (MT) e em Rio Verde (GO), onde também são promovidas feiras Agrishow, o predomínio é do milho, soja e do algodão”, disse Magalhães na manhã de ontem, durante coletiva de apresentação da feira em RP. “Mas aqui quem predomina é a cana-de-açúcar, o café e a laranja, e todos vão bem”.

Momento especial – Segundo Francisco Matturro, presidente da CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas) da Abimaq, a agricultura vive um momento especial, não de crise. “Ela depende de clima e também de problemas conjunturais, como o câmbio”, disse. “Os insumos, por exemplo, foram comprados há três meses com o dólar a R$ 3,10”. Hoje, na hora de vender o produto, o agricultura opera com a moeda americana cotada em R$ 2,50.

Magalhães reforça: é em período de crise que os negócios devem avançar. “Os bancos expositores disputam para atrair tomadores de linhas de crédito”, comenta. Estão na feira Banco do Brasil, Bradesco, Santander/Banespa, Unibanco e Nossa Caixa.

Os expositores também cresceram. Dos 600 em 2004, o número deverá chegar a 640 na feira que começa na próxima segunda-feira.

O presidente do Sistema Agrishow também aposta no pequeno agricultor para alavancar os negócios. “Tivemos 20 mil deles em visita à feira de 2004 e, desta vez, queremos chegar a 25 mil”, previu. Como a feira é especializada em serviços e produtos com busca de produtividade, esse nicho de mercado tende a ser um consumidor potencial, apoiado por linhas de financiamentos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e até da Nossa Caixa, que no dia 17 lança empréstimo destinado aos pequenos com taxa fixa de juros.

Conforme Magalhães, o pequeno agricultor da região de Ribeirão Preto tem perfil diferente do pequeno de outras localidades. “Aqui ele é um grande produtor em uma pequena área por conta da produtividade alcançada”, observou. “É um gigante”.

De Alckmin e Severino a embaixadores

Entre a organização da Agrishow, ninguém confirma, mas o presidente Luís Inácio Lula da Silva não é esperado para a feira deste ano. Mas a abertura oficial na próxima segunda-feira, a partir das 10h, deverá contar com o presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, e do ministro do Mapa (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Roberto Rodrigues, além do secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Antônio Duarte Nogueira Júnior, provável representante do governador Geraldo Alckmin.

Alckmin visitará a feira na quarta-feira, dia 18. “Ele ficará o dia todo, inclusive para reuniões com expositores e lideranças”, disse Orlando Melo de Castro, diretor do IAC (Instituto Agronômico), da Secretaria estadual de Agricultura. Já o presidente da Câmara Federal também deverá visitar o prédio da Câmara Municipal, conforme informações de políticos ligados a seu partido (PP).

Embaixadores – Segundo a organização, a agenda da Agrishow inclui a presença de 23 embaixadores também na quarta-feira, e a de 80 parlamentares na quinta-feira.

Feira vira ‘cidade’ em área do Anel Viário

A ‘cidade’ Agrishow fincou os pés em Ribeirão Preto. O branco do teto de muitos dos estandes já se mistura com gigantescas colhedoras 0 km estacionadas em meio a uma poeira constante e a um sol que promete castigar o visitante sem boné ou chapéu.

O acesso é fechado, mas quem foi ontem cedo ao Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste, no Anel Viario, percebia a frenética montagem de uma cidade.

Perto de mil operários – muitos deles mulheres, inclusive no comando de braçais – correm para grampear forros em tapumes ou puxar fios elétricos.

Na segunda-feira, com o início da feira, essa legião dará lugar a outra, formada por cerca de 5 mil contratados para os estandes dos 640 expositores e dos serviços de atendimento. Inglês e italiano são línguas já comuns entre os encarregados de receber os visitantes estrangeiros. Desta vez até a China terá estande na Agrishow.

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