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Produtor do NE prevê álcool caro até a safra

Os preços do álcool combustível no Nordeste, que subiram mais de 12% nas últimas semanas, devem seguir em elevado patamar até o início de setembro, época em que começa a safra de cana na região

Segundo produtores locais, o interesse de outros países pelo produto, a valorização internacional do açúcar e a falta de estoques nacionais estratégicos são os principais fatores de sustentação das cotações.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha, é um dos poucos a discordar da tendência. Para ele, os preços deverão cair nas próximas semanas com o início da safra no Centro-Sul e no Sudeste do Brasil.

“O mercado nordestino está desabastecido. A região é importadora e os custos logísticos pesam na hora de trazer o produto de São Paulo. Além disse, a safra do Nordeste tem encolhido significativamente, reduzindo a oferta e forçando uma alta nos preços praticados”, disse um produtor ao Valor.

Segundo ele, as destilarias também estão de olho na possibilidade de que os Estados Unidos reduzam a sobretaxa sobre a importação de álcool combustível, o que poderia levar a um incremento das exportações brasileira e, consequentemente, a uma redução da oferta no mercado doméstico.

Para o consumidor, a solução é optar pelo uso da gasolina, o que já vem acontecendo em alguns mercados do país. Conforme Joseval Alves, presidente do Sindicombustíveis de Pernambuco (que representa os postos revendedores), os volumes de álcool comercializados, que vinham crescendo até o fim de 2005, já caíram 30% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para ser vantajoso para os veículos bicombustível, estima-se que o litro de álcool deve custar, no máximo, 70% do preço de um litro de gasolina. Isso porque os motores flex consomem mais álcool para percorrer a mesma distância. Em Pernambuco o percentual já chega a 72%.

Segundo Renato Cunha, a situação poderia ser minimizada caso o governo mantivesse estoques estratégicos de álcool para os períodos de entressafra. “O governo deveria cumprir a Lei 8.176, de 1991 [regulamentada pelo decreto 238 daquele ano], que prevê a garantia de estoques estratégicos. Somos a favor do livre mercado, mas mesmo ele tem que ser regulamentado. O governo deveria dar o exemplo e também cumprir o que ele mesmo regulamentou”, afirma Cunha.

O executivo acredita que a situação deve se normalizar nas próximas semanas, uma vez que a moagem já foi iniciada no Sudeste, responsável por aproximadamente 85% da produção nacional.

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